Janela sertã

Disponibilidade: Brasil

Como me recompor em linhas
se venho perdida em cada cruz deste caminhar?
Um ninguém para lugar algum. Agora vejo.
Devo por isso deixar cair o lápis na mesa?
Ter mãos vazias besteira a mesma.
Desejo aprender em bernardo soares entranhar.
Ser uma designação indiferente na álgebra do mistério
e ainda assim guardar livros,
ainda assim desenhar chaves para o incomunicável,
repetir enquanto houver folhas,
sentimentos não nascidos e sensações a estalar a dorsal do meu tempo.
Abandonar o sentido,
já não mais o preciso
nem nunca o alcancei.

R$48,00

_sobre este livro

Com seu primeiro livro de poesia, Martha Jerônimo nos abre a janela para paisagens do mundo feminino, histórias e estórias do cotidiano, comuns a todas nós. Os versos breves, intensos de emoções, nos remetem de um tempo a outro, como uma dança para ser sentida em camadas, em busca da compreensão dos enigmas da vida. As palavras de “um jeito, uma maneira” pedem passagem, sem receio de expressar aquilo que ficou represado, transbordando em angústia e vazio (“às vezes a vida me lasca e fico órfã de novos significados”), mostrando que aprendeu a enfrentar e reinterpretar os vaivéns das perdas e achados, criando vida nova, fresca como uma reza: “que eu semeie palavras, que onde a hera verdeje a dor esvaia”. “Ainda criança aprendi a pôr significâncias nas coisas enfeadas ou tortas” nos conta Martha, acompanhada de Manoel de Barros, de onde se vislumbra a menina, com olhar atento ao mundo, questionando o tempo campeiro, duro e seco, mas de onde se fez a semente da mulher fértil e sensível. O texto potente de Martha, Martinha como se diz, nos abre não só uma janela, mas um mar que tinha Martha recolhido, pensando ser ele apenas um riozinho que mal havia de lhe saciar a sede. A cada interrogação que lança à vida, mais descortina para nós a parte oculta, a sonhada, o lançar-se no abismo que traz terror, mas também espaço e liberdade para abrir as asas. Assim o fez esta poeta, que agora experimenta seu voo amadurecido pelo tempo, sem amarras, ousando encontrar-se entre tantos pássaros audazes. Nos alcança, parceiras, num tempo e espaço comum a todas, ensinando a abrir as janelas para vislumbrar um oceano sem fim, que se mistura com o céu. “Eu escrevo desde sempre”, diz, e assim inventa a vida e “as emoções verdadeiras” que nos afetam em nossas câmaras mais secretas. Martha nos ensina o movimento em queda e dançar ao vento, fazendo “nu, o chão da alma” e a deixar-se ser semeada e brotar em flor “para ser menina outra vez”.

Lia Dauber

_outras informações

isbn: 978-65-5900-713-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5m
páginas: 88 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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