Martha Jerônimo
Minha mais antiga memória alcança uma menina acocorada sobre a horta quase virando raiz, com olhos postos no céu, tempestade enchendo o peito. Não sei quem mora há mais tempo comigo, a criança que inventa ou a menina inventada. Sei que entre as muitas fazendas, família vagal de camponeses assalariados, recebi a visita de manoeis, carolinas, coras, caeiros, guimarães e um tanto mais de gente grande que me compôs o olhar. Por isso escrivinho, que a janela para o mundo é eles todos em mim morando.