O tempo fez-se, expandiu-se, dilatou-se.
Expôs a polpa sumarenta de fruta madura
a rebentar sementes; um tempo prenhe,
voraz; urgente, tempo egoísta.
Fugidio, escapa dos pulmões a cada golfada de ar,
desfaz-se em fiapos nos interstícios dos músculos tesos,
sente-se desfalecer entre sístoles e diástoles pressurosas,
repousa por ínfimos segundos no dorso da língua.
Este tempo, janela entre o ontem e o agora,
despossuído de mim ou de ti,
explode em partículas de nada e água,
E leva-nos, pulverizados, indistinta poeira,
pelos céus de agosto.