_sobre este livro
Como lembra o estudioso A. Walton Litz, Joyce nunca deixou de ser um poeta. Começou escrevendo poesia, aos 9 anos, “Et tu, Healy” (1891), em homenagem ao herói irlandês Charles Stewart Parnell, e terminou com um impressionante poema, Finnegans Wake (1939).
Pomes Penyeach é uma série de poemas, 13 ao todo, que expressam os sentimentos mais pessoais do autor: “Ela chora sobre Rahoon”, por exemplo, foi escrito depois de uma visita de sua companheira Nora, na época Barnacle, ao túmulo de um amor antigo, Michael Bodkin, que se transformou em Michael Fury, no conto “Os mortos”.
Agora, esses poemas ganham nova vida em português pelas mãos de Vinícius Alves. Diz o tradutor: “Troduzir seria uma mistura de troar, introduzir e traduzir, ou seja, traduzir fazendo barulho, introduzir um ruído, quer dizer, chacoalhar, bagunçar o coreto, brincar com o texto”. E isso ele faz, como se pode aferir já na tradução do título que transforma Pomes Penyeach, de Joyce, em Pomas Penicada. Se no título de Joyce Pomes pode soar poems (poema) e penyeach soa penny each (pêni – uma moeda de um centavo – cada), na tradução de Vinícius, “penicada”, por exemplo, soa peni cada, penicada (um derivado de penico?, algo de pouca valia?, uma brincadeira com o leitor da tradução?) ou pinicada. De fato, as traduções aqui apresentadas pinicam o leitor, no bom sentido, e o despertam para as experimentações linguísticas de Joyce na língua de Guimarães Rosa.
Dirce Waltrick do Amarante