Poesia alguma

Disponibilidade: Brasil

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to e além

lança

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_sobre este livro

josé g. principia poesia alguma com uma declaração programática: “este livro inicia igual ao fim de um al/de um algo que tresli/de uma alma igual a mil/em língua desigual”. Nele, mais que promessa, o leitor surpreende um autor que, apesar de estreante, demonstra um destacado domínio da carpintaria poética, numa convivência madura com as palavras, com ritmos que se põem, se repõem e se dissolvem, com assonâncias e ressonâncias destinadas a transmitir pensamentos, desejos e afetos. O percurso se organiza em torno de cinco eixos: I. languedoc devastada; II. biblioteconomímesis; III. os trabalhos e os dias; IV. filosofemas; V. algaravia. Cada passo constitui uma surpresa para o leitor, desenhando um rizoma que se desdobra entrelaçado em novas dobras, para gerar surpreendentes conexões.

Assim, em languedoc devastada, ainda que tudo se articule em torno do “sim” (e langue d’oc significa literalmente “língua do sim”), isso só se faz para embaralhar as fronteiras aparentemente instransponíveis com o “não”, permeadas por todo tipo de dúvidas, incertezas e contradições. Afinal, como se afirma em os trabalhos e os dias, poetar vem a ser “este exercício minu-/cioso de extrair as conc-/has de dentro de frasc-/os”. Frascos comunicantes que, em biblioteconomímesis e filosofemas, transbordam em diálogo com a poesia e a filosofia dos antigos. Em ambos, no rastro de temas e imagens colhidas da tradição, é notável a verve nietzschiana em enfrentar as questões sem nenhuma condescendência, passando pelo discurso, a verdade e a natureza, a fim de tocar os constituintes mais elementares da linguagem. Como declara o autor, ao modo de dicionário: semantema é “o sêmen do poema”. Tudo conduz, afinal, a algaravia, primoroso e último exercício daquilo que o livro tem de mais próprio: quebrar palavras, proposições e recursos de estilo — neste último caso, a própria separação entre poesia e prosa, através de uma sofisticada prosa poética desdobrada ao modo de certa escrita automática.

Se poesia alguma drummondianamente inquire sobre a própria possibilidade de alguma poesia, não há dúvida de que a promessa e o convite que este livro faz ao leitor se cumprem sem regateio. Com aguda atualidade e irretocável perícia, o que se constata é quanto “cada verso sorve um devir à deriva/da presença em essência/do meu ser em ausência/de uma morte que é vida”.

Jacyntho Lins Brandão

_outras informações

isbn: 978-65-5900-590-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 92 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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