Manifesto de corações partidos

Disponibilidade: Brasil

e se o mar virar sertão
mais retas
teremos eu
e o coração

 

R$45,00

_sobre este livro

“Manifesto de corações partidos” é um corpo que dança. Não digo isso porque o poeta André Kaires é dançarino, mas pelo fazer poético que coreografa, no palco das páginas, os movimentos de um corpo sem limites. É isso que me excita nesse livro, a experiência de certa instabilidade: textos que se abrem, se desdobram, se multiplicam, se ampliam, desconfigurando as espacialidades estabelecidas. Eu também falo de gêneros: as bordas físicas e textuais se expandem do manifesto à poesia, da poesia à prosa, da prosa ao pênis, do pênis ao coração, porque “esse manifesto não pode esperar até o amanhecer. ele tem pressa. tanta coisa pra falar. e não se importa em não ser lido. ele apenas quer dizer…”.

Querer dizer, aqui, é dançar a dança contemporânea na qual o corpo está sempre em estado de recomeço: “minha cabeça anda tão desarrumada/que preciso cortar os cabelos,/colorir as unhas/batom vermelho/na boca”. Na experiência do corpo que se desborda, Kaires não dança só, seus pares são tantos: Hilda, Clarice, Bukowski, Ginsberg, Rimbaud, Caio Fernando, Cazuza, Roberto Carlos, Belchior, Janis, Amy e outres que giramos nessa enlouquecida “poemia”, espécie de superfície lisa para encontros que clamam:  “cura essa arrogância do mel e me/ame me ame me ame me ame me ame me ame me ame”.

A música dessa poesia não é uníssona, ela confunde éter, espasmos, pensamento, desejo do corpo-qualquer porque é corpo, e corpo é movimento: “tire esse copo das minhas mãos e derrama tua garrafa em mim/me leva pro seu apê ordinário fode comigo de ponta de/cabeça/inala meu éter/exala meus versos/vomita meus sonhos/empedrados no ventre”. Em LitOrgia, dá-se a horizontalização do corpo que dança, como se o peso verticalizado do início agora se entregasse à gravidade: “continuar é um ato de doer”. Na memória muscular, a imagem se repete: “cara, você já reparou que as estrelas mudam de lugar no nosso peito?”, como se um passo marcado atuasse sobre nossas intensidades: “– deixa eu ver tua alma?!”.

Neste livro de estreia, André Kaires expõe corpo e poesia. Investigando seu movimento, vejo que a região pélvica é o centro vibrátil de um corpo que não se limita e, por isso, vomita borboletas e beija-flores, pois o coração – isso que sangra – já se partiu: duas asas vermelhas partindo desde dentro desse corpo de papel.

P.S.1: José Gil diz que o sentido da dança é o próprio ato de dançar.

P.S.2: também eu, Geruza, vou te amar pra sempre, André Kaires.

Geruza Zelnys

_outras informações

isbn: 978-65-87076-75-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 102 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

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