O mar sem nós

Disponibilidade: Brasil

quando o mar
verter sua memória
nos vidros da estante
meu mundo
estará mais completo
:
abrirei a porta
por onde saem os monstros
e investigarei
os fragmentos de meu corpo

(Poema do vidro)

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Personificamos tantas vezes essa terra escura, essa terra seca e quieta, estendida num tempo que nunca há de caber em relógios ou calendários. Somos tantas vezes esse território onde está o tudo que só o nada pode conter. Que podem os olhos saber duma paisagem assim? Que podem fazer o sangue e a pele, que podem as vozes construir para despertar um mundo assim, para o revelar, para o trazer ao mundo? Que ossos é preciso cuidar de ter para suportar um peso assim, um equilíbrio assim, uma perfeição assim do tamanho duma borboleta, ou do sopro certeiro dum vento? É hercúleo o trabalho do poeta: ligar o visível ao invisível, redesenhar o bem e o mal, escolher as linhas e os traços, meticulosamente, até tudo se tornar vida, esta vida, uma vida. E ler tudo isso, fluentemente, como se fosse água, a água que tudo ocupa, que toma os mais ínfimos espaços e que corre, que corre até à sede de alguma coisa ou de alguém.

Que beleza ir buscar aos séculos (todos os séculos são remotos, como a verdade) a explicação deste momento, deste segundo, que a tropeçar no coração ou no olhar, cai sempre num gesto que se revela ou se esconde, num papel, numa tela, num muro, numa confissão que é preciso fazer aos outros, que é preciso trazer para o lado em que nós próprios existimos como outros, porque «tudo o que temos são trapos fervidos» e é com eles que «desafogamos o mercúrio» da nossa mortalidade.

Às vezes uma palavra é um mapa. É o itinerário dum corpo, «uma bússola desesperada» que nos aspira centripetamente para a retorta do amor, transformando a terra escura, seca e quieta num frenesim de fendas e de rasgões por onde toda a loucura das sementes pode enfim extravasar. Como este livro. Um poeta nunca dá um nó que não possa desatar. Augusto Meneghin

Gil T. Sousa

_outras informações

Espera teus olhos adormecerem, leitor, para então abrires este livro; pois “o mar sem nós” é um livro de silêncios. espera, assim teus olhos distraírem-se da grafia, para que possas deitar nesta cama. Espera um pouco mais, leitor, para que sintas nas costas o hábito dos lençóis; pois esse livro é um longo ritual de dois pulmões trocando o mesmo ar.

Espera, e preocupa-te, pois o mar mais terrível é aquele sem ruídos. tens em tuas mãos, leitor, uma agulha para fiar teus passos, ou uma bomba, para destruir teus castelos.

Thyago Marão Villela



Aqui só te servem os calendários forjados com a ferrugem da memória, nenhum outro. Deixe que o céu e a terra se transformem numa perspectiva da tua imaginação, que o frio azul desse imenso mar seja teu destino e tua bússola.

É na vastidão que a voz deste poeta surge com mais força…

Tiago Fabris Rendelli

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0