eu sou a santa
que pede oferendas
de carambolas
na feira
das suas sextas-feiras
R$48,00
_sobre este livro
Filosofia da ancestralidade nasce como o fruto de uma diáspora singular que atravessa um oceano de orís para se adensar às prateleiras da literatura brasileira, espaço carente da palavra preta da mulher atlântica. Nesta filosofia, a casa se organiza como uma quartinha, contendo em si o líquido que funda os brasis desassistidos pelo Brasil que o estrutura: uma disputa epistemológica que monta o país, antes mesmo deste texto que não pretende encerrá-la. Mirella Ferreira nos conduz a experimentar o amarelo de uma fotografia que segura, junto das mãos de Tempo, a imagem de pai, mãe e espírito — que aqui não se pensa santo, mas parte do cotidiano que faz crescer um mato viçoso das frestas mais impossíveis. Entretanto, seu texto é menos um banzo plasmado em manchas gráficas, e mais um itan das urbes de uma Bahia espremida entre os mistérios de um passado estético e um presente das pressões capitalistas e neoliberais. A autora toma para si a narrativa da sua própria vida, compondo um manuscrito poético enquanto uma coreografia que é um grito, como um ilá que pontua a mudança entre a comunicação com o terreno e o espiritual. Sua poesia repartilha o sensível, pois não há caminho para elaboração política que não transpasse o campo estético. Não à toa, os deuses da diáspora se apresentam através do som e da dança, ritmos que a autora transforma em palavras, escrevendo um convite aos seus ancestrais do passado e do futuro, e a todas as pessoas leitoras.
Kauam Pereira
Artista visual
_outras informações
isbn: 978-65-5900-556-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 56 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª