Amantes Ocasionais

Disponibilidade: Europa

Falem-lhe de rios-prisma,
um feixe de luz a queimar a água:
do lado de lá sairemos ilesos
e a nossa cegueira será uma bênção.

Falem-lhe das mulheres em escama,
os seus seios são hálitos doces
com que prendo a respiração:
e mergulho sob a fluidez do desejo.

Falem-lhe de todas as criaturas
que se escondem no riso da margem.

(Ninfas, página 28)

 

R$45,00

_sobre este livro

Este não é um prefácio. É um aviso de segurança. Toda Beleza deveria trazer junto um desse. A Beleza é um mal, uma praga, do tipo irreversível. A Beleza é uma peste. Eu poderia não avisar e deixar que você se transformasse sem consciência. Principalmente porque a estética moderna, meio junkie, meio urbana de Lígia Reyes engana. Ela é sorrateira. Aquele tipo de noite que não nos deixa dormir, e nunca mais somos os mesmos depois. A verdade é que Lígia Reyes é perigosa. A doçura nos embebeda sem percebermos. A caneta de Lígia é um desses entorpecentes colocados em bebidas na madrugada. Acontece que, ao invés de um rim, os poemas da Lígia talvez tirem a sua inocência.
É sutil, sabe, você lê como quem toma um gole e, quando vê, está sozinho (a), como todos os outros.
Mulheres como Lígia estão aqui para serem mais uma. Para que os desavisados se percam. Se você for um filho bastardo de homens sem causas nobres, talvez se queime. Tomara que se queime. Permita-se queimar. Vai fazer muito bem. Agora, se você for uma mulher a atravessar a escuridão, o ardor de um céu, ou uma jovem em um colete de forças pronta para a humilhação, Lígia guiará o princípio de todas as eternidades.
É um favor que faço, percebe?, ao colocar um aviso de segurança aqui, no lugar do prefácio. Depois você vai achar que as janelas abertas são sinais de voo e que o amor é isso. Não me diga que não avisei.
“Os Amantes” de Magritte se cobriam de uma forma diferentes dos Ocasionais de Lígia. Os amantes de Lígia se escondem nas esquinas, nas vielas, nas tabernas, nos Galetos e, principalmente, nas palavras. Mas a palavra é traiçoeira, a cada uma somam-se as entrelinhas, e é no entre que a poesia se revela. Nos revela. A revelação de Lígia, caro(a) leitor(a), já aviso, será a sua própria revelação. Vá consciente e depois não diga que não disse.
Os amantes de Lígia não têm os rostos cobertos. Pelo contrário, estão profundamente à mostra. Mas são muitos, muitos, muitos, a tal ponto que os rostos se tornam mosaicos insuportáveis. Narciso enlouqueceu e vê espelho em qualquer face. Os amantes de Lígia estão no começo do século XXI. Estão aqui. São ácidos, apaixonados, tristes e tantos, que são nenhum.
Talvez você conheça Lígia de O Amor peixe e outras loucuras, então você já sabe um pouco do que estou falando, mas não tudo. A poesia de Lígia se transformou, está mais traiçoeira, mais afiada, e, querido(a) leitor(a), quando você olhar o mar na cama de alguém, vai perceber que o oxigênio é uma invenção da boca da poeta.
Acontece, leitor(a), que a vida sem Beleza, sem paixão, sem pathos, é um acordar para contar as horas. É preciso “nem que sejam apenas alguns segundos/escrever sob influência do suicídio” para sentir-se realmente vivo(a). Mergulhe no oxigênio que Lígia Reyes lhe oferece.
“Pelo menos existiu um adeus que doeu,
e nada me foi neutro ou vulgar”
Deste livro e do amor ocasional ninguém sai incólume.

 

Maria Giulia Pinheiro

_outras informações

isbn: 978-65-5900-269-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 12,5x16 cm
páginas: 94 páginas
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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