Disponibilidade: Brasil

fiquei comovida
com sua promessa
de lealdade a si

e vi em mim coragem
então desconhecida:

a de suspender âncoras
no rio do não saber

ao me assumir natureza
dar a ela minhas rédeas

vibrei em ré

R$45,00

_sobre este livro

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O mesmo mundo que nasce se destrói e depois de destruído renasce para logo se destruir… Tal alternância foi algo que vislumbrei uma vez nos gestos de uma velha “artesanciã” no interior da Bahia, ceramista sabedora de que seu ofício é atravessado por motivos cósmicos. Não tinha forno, curava as peças fazendo fogo na rua.

Os mistérios do tornar-se: o jogo incerto, o abraço precário do que se agrega e dissipa, do que adere e escorre. Povoados de imagens desse agregar/esvair, os poemas do livro “Ré”, de Letícia Sodré, reverberam tais forças, impermanência e transmutação. Uma poética atenta ao caráter cíclico da vida e à fugacidade dos encontros, com uma marcante presença de elementos e situações relativas à natureza. Essa atenção ao que em nós e no mundo é mutável e transitório não se encaminha, entanto, para um sentido de urgência agonizante. Ao contrário, induz à celebração da exuberância dos gestos cotidianos.

São construções poéticas que atravessam um plano de elaboração do sutil. Essa vocação impregna muitos dos poemas de uma sacralização, ligada à natureza, à ancestralidade, ao corpo. Não uma sacralização esterilizante, pois sagrado é antes de tudo o corpo e suas conjunções. Por isso a leitura se espraia por aspectos sensoriais vários, táteis, gustativos, de um corpo insaciável na exploração do que lhe é vital, física e animicamente.

Creio que Leticia Sodré se revela — nesta sua primípara lida poética — como fecunda aprendiz de uma artesania consciente de que a verdade é carnal e seu fundamento, cósmico.

Marcus Groza

_outras informações

isbn: 978-65-87076-32-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas:  56 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

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