Nada pode pôr mais temor em um ser humano sensível que a hora fatídica, quando ratos, crendo ser fortes por serem numerosos, saem dos esgotos e bueiros tomando as ruas. Nesses tristes momentos, é preciso encontrar a flauta de Hamelin para dar fim a essas pragas que acreditam poder exibir suas sujeiras sem qualquer decoro. É preciso afogá-los no Tietê pois que o rio Weser é muito longe de São Paulo. Por aqueles dias, um fenômeno estranho se deu, nas ruas de São Paulo pululavam ratos de várias espécies, eram milhares que possuíam uma característica comum, no geral, eram velhos e babões. Exibiam uma espuma branca e medonha na boca e quando grunhiam, a expressão assassina dos seus olhos ao invés de medo causava nojo, uma repulsa que ataca até o estômago acostumado a pimenta. Esses fenômenos não são raros em São Paulo, ouviu-se dizer que no início do século XX galinhas de cor verde tentaram tomar a cidade também – bem ali onde esta história começou – mas foram logo dispersadas à bala. Douglas Rodrigues Barros