Psicanálise e despatologização da experiência trans

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Freud nos indicou a relevância da sexualidade a partir de sua opacidade: essa impossibilidade de representação absoluta que confere ao sexual uma estranheza que não encontra amparo em identidades.

Frente a esse impossível, há quem o negue sob o pretexto de submetê-lo a enquadres e gerências. Há outros que se permitem a tolice de reconhecer como autêntica a singularidade que resiste a esse procedimento.

Quando Lacan afirma que “o ser sexuado só se autoriza de si e de alguns outros”, ele convoca sua audiência a refletir sobre a função do nome na situação do ser sexuado diante do Outro, esmagando o universal.

Este livro é um convite à tolice de sustentar a psicanálise na atualidade de seus desafios.

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_sobre este livro

O estudo que deu origem a este livro parte do exame da relação entre o poder de normalização, o dispositivo diagnóstico e a patologização da transexualidade e se propõe a ponderar, de forma crítica, a potência epistemológica da psicanálise de orientação lacaniana em subverter termos e conceitos, direcionando o foco para a singularidade de cada sujeito, sustentando uma prática fora-das-normas.

Mediante uma discussão epistêmica, a experiência trans e sua patologização são analisadas em relação à função diagnóstica na psiquiatria e na psicanálise, considerando suas eventuais aproximações e o rigor de suas especificidades, bem como os aspectos sociais que atravessam as noções de sexo, gênero e identidade, conforme exposto no âmbito dos estudos queer.

O debate acerca do normal e do patológico é retomado e são apresentadas críticas enfáticas à escassez e à inconsistência dos critérios de anormalidade propostos em manuais diagnósticos — como o dsm (do inglês, Manual of Mental Disorders, o equivalente em português a Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) —, segundo uma perspectiva operacional-pragmática e seus efeitos normativos.

A associação da transexualidade ao diagnóstico psicanalítico da psicose e a pertinência do uso de certos termos estigmatizantes são questionadas a partir de argumentos que expõem as possíveis motivações normalizantes e, consequentemente, seus efeitos patologizantes. A discussão da função do diagnóstico psicanalítico é aprofundada, destacando os limites da perspectiva estrutural e as potencialidades da psicopatologia não toda como alternativa. Neste contexto, são explorados os desafios contemporâneos que se apresentam a psicanalistas ao lidar com identidades de gênero dissidentes. É enfatizada a importância da diferença sexual na psicanálise, com destaque para o papel do significante na estruturação do sujeito em uma abordagem discursiva sobre sexo e gênero.

Não obstante, o texto apresenta as consequências teóricas e clínicas decorrentes da formalização das noções de gozo, sinthoma e nominações do rsi (do inglês, Relative Strength Index, sigla cunhada por Lacan e que se refere aos três registros que constituem a estrutura do sujeito do inconsciente: imaginário, simbólico e real) como capazes de superar a eventual rigidez do escopo estruturalista do ensino lacaniano. Por fim, o estudo aponta a prioridade dada pela psicanálise aos arranjos singulares de cada sujeito, bem como a consideração da posição sexuada para além de referências normalizantes, privilegiando o aspecto inventivo das soluções no contexto particular da experiência trans.

Em suma, este estudo propõe uma abordagem não normativa do tema e se dispõe a renovar sua discussão, convocando a psicanálise lacaniana ao desafio de estar à altura das subjetividades contemporâneas.

 

_outras informações

isbn: 978-65-87814-33-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5x21cm
páginas: 200 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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