Kümedungun: Trajetórias de vida e a escrita de si de mulheres poetas mapuche

Disponibilidade: Brasil/Europa

Esta investigação pretende apresentar as trajetórias de vida de três escritoras mapuche, que têm se destacado no cenário literário chileno nas últimas décadas: Maribel Mora Curriao, Graciela Huinao e Rayen Kvyeh. A partir do diálogo entre suas trajetórias de vida e obras, cabe nos perguntar: como as mulheres poetas mapuche criam os seus processos de subjetividade?

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_sobre este livro

Nesta obra, originária da dissertação de Mestrado que tive a satisfação de orientar, Valentina Bascur Molina faz um fascinante mergulho pelas construções poético-sociais de escritoras Mapuche. As autoras aqui visitadas são originárias do mesmo sul chileno que Valentina, porém, se elas se encontram na geografia, sua marcação étnica as diferencia social e culturalmente. É com esse olhar próximo e ao mesmo tempo distante, apoiada sobre as epistemologias feministas, que há dedicação a compreender de que maneira o colonialismo, o racismo e o machismo se imbricam e marcam a escrita e o pensamento crítico destas mulheres, tornando-se molas propulsoras para denúncias, para a preservação da memória e para sua conexão com a dimensão ontológica do Che, o ser Mapuche.

A escolha da metodologia é particularmente acertada: a escrita de si não é apenas narrativa autobiográfica e tampouco análise do discurso, mas reflexão sobre como o discurso faz parte da constituição subjetiva de mulheres. Percebendo sua insuficiência, contudo, para dar conta do contexto das mulheres indígenas, também se recorre à escrevivência de Conceição Evaristo (2007) e às provocações de Glória Anzaldúa (1981) direcionadas às escritoras do terceiro mundo, o que permite rica complementariedade.

Assim, a cada poesia, entrecruzada por entrevistas e trajetórias de vida, compreendemos como determinadas experiências marcam produções artísticas. Por meio de seus textos, somos tocadas/os/es pela violência colonial e racista, pela expulsão do território, pelo exílio, pela prisão, pelos assassinatos perpetrados contra o povo Mapuche. Amarras tus lágrimas/por las militarizadas calles/de la sitiada ciudad, diz Rayen Kvyeh (2011), nos fazendo prender a respiração. Aprendemos também sobre a relação com a natureza, com a ancestralidade, com as abuelas, com o cosmos: Vacío de alma. Tierras sin espesura. Lo demás se pierde en el parpadeo de la historia. Pero los abuelos aún nos sueñan desde las montañas. Por eso escribo estas palavras”, narra Maribel Mora (2014). Ato-denúncia, a escrita das autoras é, como sintetiza Graciela Huinao, para que a história, os contos e os relatos orais do meu povo não morram comigo (2015).

Ao fazer uma reflexão acadêmica que provoca tensões nas teorias feministas, criticando as retóricas salvacionistas das mulheres brancas sobre as indígenas, Valentina celebra a importância da autonomia das mulheres indígenas e de suas lutas, por meio da cultura,  beleza e resistência.

Maíra Kubík Mano

_outras informações

isbn: 978-65-87814-04-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5 x 21cm
páginas: 118 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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