O coração nu

Disponibilidade: Brasil

hoje as pessoas são suspeitas
como uma flor


amanhã o que serão
essas vãs esperanças
em formato de carne enlatada?

R$60,00

_sobre este livro

O coração se dilata, falha, pulsa, enumera. Pronto, se sintoniza, se oferece, se conecta em espírito. É simbólico, vira o mundo de cabeça para baixo, diz que sim, está e se sincroniza em corpo, faz-se ouvir. Às vezes tem muito peso, é quente, insiste, chama atenção, é andrógino e reanimado como o sexo. Neste quinto livro, Conrado é um poeta maldito. Sobrevivente do que sobrou e do que se tornou o Brasil. É na ruína de um banheiro de rodoviária em Nova Friburgo que o poeta percebe o telefone do casal que quer transar a três, apelos de suicidas escritos na parede, a sujeira e o odor que contorna todos os poemas. A baratinha imunda que caminha entre a parede de um box e a louça que um dia foi branca, que esqueceram de dar descarga, quase que imperceptível, mas está ali, se chama Bolsonaro, rasteja, peçonhenta e parasitária. Sem dúvidas, seria um sinônimo de asco em referência ao tão citado Augusto dos Anjos. O repertório do poeta friburguense atiça o leitor com suas referências do cânone brasileiro, encanta com sua poesia concreta, e a música está mais que presente para ditar a melodia em que este livro se envolve. Para esta organização de poemas, precisa-se constantemente lembrar: “quase só músculo a carne dura. É preciso morder com força”. São os versos do poema “Coração” de Eucanaã Ferraz. Tudo na poesia de Conrado Mapelle é músculo, órgão fibroso que preserva uma intensa amálgama religiosa, mística, esotérica. Não era para menos, Conrado Mapelle, além de poeta, é tarólogo, DJ e apresenta ao leitor, diferentemente dos contos de fadas, em que se pede o coração em uma caixa, uma bandeja descartável como um item de açougue que arrasta o leitor para fora de um lugar comum, um lugar entre a rejeição e o ressentimento por não conseguir ser amado. Assim, o coração que é apresentado tenta em uma cirurgia vital ramificar-se com aorta em várias outras artérias. Dói, mas o coração é o que resta da gente.

Bruno Couto

_outras informações

isbn: 978-65-5900-447-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 172 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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