Os ossos choram
enrolados em pedaços de papel
como se a vida morresse
neste silêncio de uma tarde espessa
sob rajadas de vento e tempestade.
Não há sorrisos dentro daqueles potes
de vidro.
Há um chumaço de vazio e o nada.
O nada que sopra nos ouvidos
a mácula
e o desassossego destes punhos tristes.
R$52,00
_sobre este livro
Impermanência com disfarces sociais. Escutar o ar. Antes do tempo das cordas, de T.S. Eliot, e de um caracol que ressoa pelo mundo, de Octavio Paz, a poesia surgiu nos ossos. Cava. Na origem do vazio, sobra a sede de “Luz e sal”, o silêncio, a sombra de sua sombra, como bem dito por Alejandra Pizarnik, por aqui sopra sobras. Freitas parece se conectar exatamente com essa esfera quando apresenta A memória é uma oficina de ossos, obra de fôlego e de impacto, viajante dos símbolos da finitude, livro-nauta da sobrevivência de tuk-tuks nervosos, pois “de um relógio/à procura de novos instintos” permanecemos com um grito, sorrindo, alados. Viver também é grafar um piano constante: nestes densos poemas há vibrações de toques como uma “Sonata ao Luar”, de Ludwig Van Beethoven “embaixo das unhas/dentro dos ouvidos”. Mírian ludibria e convida “à caça do tigre de papel”, em um girassol espelhar refugiando a memória do mundo: porque somos ninguém no mesmo sonho, vícios à imagem prelúdica de “forças ciprestes”. E deitados ao sol, de repente, escutamos assobios, e você já me lê, ao vivo. Continue: “o corpo cresce:”.
Mariana Basílio
_outras informações
isbn: 978-65-5900-417-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 132 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª