nenhum desafio
ou linha que avança
nem lance como desafio
desfigurar e decifrar
ordem nome e assinatura
ordem nome assinatura
é o poema sozinho do outro poema
como se fosse ele mesmo
R$45,00
_sobre este livro
A palavra-ruído de Gabriela Nobre tensiona a zona liminal dos procedimentos que demarcam a ourivesaria formal dos seus poemas/composições de texto-som. Move-se, em voo aberto, pelos entrelugares dos silêncios que ciciam a imaginação sônica e o azo. Deriva dessa porosidade seu caráter experimental. É a própria maquinação da linguagem que assume o vórtice da fabulação poética. Há um rearranjo constante do léxico de práticas e articulações formais dos quais a autora se vale para explorar a dimensão sinestésica dos seus textos-ruído. Provoca o leitor-agente a desdobrar procedimentos e atualizá-los constantemente a partir da sua intervenção criativa, assumindo a opacidade dos mapas e das trilhas como premissa do labor criativo. O poema-procedimento não é apenas um artifício expressivo, o que lhe daria status de componente constituído — por uma exterioridade demarcadora da sua cisão do mundo. Ao contrário, é o elemento constituinte, a expressão manifesta em si da estruturação da linguagem poética em-situação-no-mundo. O espaço que separa afirma um horizonte de possíveis. A potência da experiência de estranhamento não se refere apenas a classes de expressões ou arranjos formais totalmente desconhecidas, mas também ao reordenamento inesperado de elementos familiares. Cicios-silêncios-sons sustentados em combinações incomuns. Um texto-voz que vai e volta. Uma cartografia alheia a qualquer registro topográfico. Ou a si mesma. A tensão entre o estabelecido e o inesperado e a repetição como menor diferença. Práxis. A abertura ao outro, nesse sentido, não demarca os limites da compreensão; em sua incompletude, expande-a pelo eixo da alteridade radical. Perder-se. Não saber o que um mapa orienta e nem o que é um mapa. O loop como reiteração do que lhe é distinto. A dobra. A outridade do mesmo e a dimensão relacional da experiência performativa da linguagem em uma deriva sem instruções e cega. O poema inscrevendo a si mesmo na maquinação da linguagem. Como se fosse ele mesmo. Diáfano. Outro. Ruído.
[Isto não é o fim.]
Yuri Bruscky
_outras informações
isbn: 978-65-5900-408-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 52 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª