Nesta pesquisa são estudadas cinco autobiografias de prostitutas brasileiras publicadas a partir dos anos 1990. Destacando que houve, no Brasil, um longo período histórico de ausência de publicações autobiográficas de prostitutas, ressalta-se que a possibilidade de escrever sobre si marca o aparecimento de um novo lugar de enunciação. A partir da Análise do Discurso, este trabalho problematiza como nas putagrafias as autoras se significam e como elas significam as práticas sexuais da prostituição, considerando a relação intrínseca entre corpo e língua. Putagrafias é um trabalho para quem se interessa por temas relacionados à sexualidade, ao gênero e aos feminismos pelo viés da Linguística.
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_sobre este livro
“A prostituta tem que sair das luzes da ribalta e acender a luz geral, para que a sociedade possa, enfim, discutir sua sexualidade e entendê-la”. É por meio dessa epígrafe do livro Eu, mulher da vida, de Gabriela Leite, que Karine de Medeiros Ribeiro inicia a sua pesquisa sobre autobiografias de prostitutas brasileiras. Tomando como premissa que as obras escritas por prostitutas começaram a ser publicadas no Brasil apenas a partir da década de 1990, a autora estuda, pelo viés teórico da análise do discurso, cinco autobiografias: Eu, mulher da vida (1992), de Gabriela da Silva Leite; O doce veneno do Escorpião: o diário de uma garota de programa (2005), de Bruna Surfistinha; O diário de Marise: a vida real de uma garota de programa (2006), de Vanessa de Oliveira; O prazer é todo nosso (2014), de Lola Benvenutti; e E se eu fosse puta (2016), de Amara Moira. A partir do termo putagrafias, a autora sintetiza o percurso do livro, contribuição na qual se investigam tanto os modos como as prostitutas se significam (a assunção pública da autoria) quanto como as práticas sexuais da prostituição são significadas (o saber sobre o sexo e as relações entre transgressão e interdito). Partindo da hipótese de que a possibilidade de as prostitutas escreverem sobre si e publicarem relatos de suas experiências trazem deslocamentos em relação aos discursos higienistas anteriores, marca do aparecimento tenso e contraditório de um novo lugar de enunciação, Karine de Medeiros Ribeiro se pergunta sobre como ocorre a circulação de autobiografias de prostitutas no Brasil e o que elas dizem a respeito da sua profissão, do seu corpo e da sua sexualidade. Além disso, não se esquecendo da ligação entre escrita e saberes sobre o sexo, a autora nos apresenta duas figuras imaginárias de língua: a língua obscena e a língua higiênica. Ambas mobilizam um jogo entre o alto e o baixo, entre o sagrado e o profano, entre o luxo e o lixo, entre obsceno e higiênico presente nas obras analisadas. Norteada por essas questões, o livro que o leitor tem agora em mãos explora as fronteiras entre a escrita e o sexo.
_outras informações
isbn: 978-65-87814-19-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5x21cm
páginas: 220 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª