Mal rompe a manhã, Dasdores chega em casa do serão, depois de comer o pão que o diabo amassou naqueles teares da Manufatora. A noite inteira foi um suplício: mato ou não mato aquele desgraçado? A vida besta demais para um desagravo assim tão derradeiro. Cachorro!!! Quando um não quer, dois não brigam, dizia seu velho pai. Nem filho arranjou, era nova, podia arrumar outro homem, ouviu do Abdias contramestre naquela noite. Esquentar a cabeça com o Nerivaldo? Não merece que eu suje minhas mãos. Aquele traste já nasceu torto, pensou. Decidida, entrou de manso-mansinho, apagou a luz da sala, ele dormia ainda com o cheiro da cachaça da noite anterior, pegou as malas e picou a mula. Quando deu meio-dia, ele pulou da cama esfregando os olhos, a ressaca tinindo em seu fígado, a boca amargando e um vazio enorme dentro de casa. Dasdores estava bem longe.