Zumbimalê Pivete – Parte I

Disponibilidade: Brasil

você precisa saber que
em tudo aplicou o granito
o cavouqueiro
o macaqueiro
o gerente da pedreira
projetou um pouco o Rio de Janeiro Claudio Medeiros

túneis a golpes de picareta o trêmulo
bronze nos arrabaldes escoam a cidade
os trilhos da cidade, e esse vadiamento do
que na vida é porosidade e comunicação

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Sangue e breu. Zumbimalê navalha a noite como um gato descortina a casa. Estrelas varam janelas, batem às portas. Convocam os que são da noite: “o malê tinha encarnado nada/menos que Madame Satã vadio/carioca velho conhecido da/crônica policial jornalística”. Não se conhecem os planos dos revoltosos. Trocas de mãos e pernas, velhas fotografias se entreolham. Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. O poeta reclina-se para ver os mapas, como pedrinhas no chão: quem vem chegando? Quem cortou a primeira pedra? Quem trilhou ou calçou a rua que cruza? Interessa-se pelos nomes, mais pelas frestas nos nomes, pelas ruínas, mais pelas vozes que assomam das ruínas. Interessa-se pela noite do nome, pela cara que vem dar à esquina, pela cidade das esquinas. Nervura de plantas, a voz que é foz, a cidade retomada pelo corpo de sua memória: retalhos nos mapas, o poeta se movimenta para ver desmontes, desterros, fugas para o subúrbio, rostos nas fotografias, os nomes nas crônicas dão-se a falar, entreolham-se. Silêncio: todos se cumprimentam nas cidades do passado, e as cidades do passado dão aqui. Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. 2020. Ano de sua fundação. Zumbimalê salta da linha do trem à Estação Olímpica do Engenho de Dentro. Todos os Santos. Engenho de Dentro. Méier. Linha Amarela. Água Santa. Encantado. Corre o asfalto Zumbimalê. Abaixo da lei, acotovelam-se. Os cruzamentos das ruas, ao lado da lei, acima da lei, trocações, encantamento, onde não mais os da morte, desencantados violadores de túmulos, desordenadores de memórias, pobres diabos sentados em seus tronos erguidos a retroescavadeira. Não mais prosperam. Onde não mais os projetos de cidade talhados a mármore e barbárie sobre a cidade dos pivetes. Não mais prosperam. Corre junto a Zumbimalê: pedra sobre pedra? Quem talhou as pedras? Haverá festa?

Vinícius Melo

 

_outras informações

isbn: 978-65-87076-67-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 56 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

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