Valter Hugo Mãe: filho de mil homens e mil mulheres

Disponibilidade: Brasil

No interesse em representar as condições de sujeitos marginalizados, Valter Hugo Mãe apela por uma maneira de representação que expõe visões de mundo díspares, colocando em diálogo as perspectivas subalternas e hegemônicas. Assim, o que é importante, no projeto literário que Rafaella Teotônio identifica na escrita de Valter Hugo Mãe, não é assumir simplesmente as vozes dos subalternos, mas assumir uma voz contra a opressão. Nesse sentido, o real é um elemento importante, que corre no texto como uma maneira de trazer ao leitor um apelo, tal qual fala Sartre — não didaticamente, ou simploriamente, como faria um tratado político, mas revelando-se à medida que a leitura de suas obras suscita os excedentes de visão. Tem-se na escrita de Valter Hugo Mãe um mundo que se apresenta, que se coloca à frente de si mesmo a partir da recepção do leitor. É por isso que sua escrita pode assumir tanto os contornos violentos de um narrador machista, como o olhar de uma criança maravilhada, até a narração oralizante de um narrador heterodiegético que reproduz uma fala social. 

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_sobre este livro

Em Valter Hugo Mãe: filho de mil homens e mil mulheres, Rafaella Teotônio busca analisar, a partir de um estudo das obras do autor Valter Hugo Mãe, como a literatura se relaciona com a alteridade. Elaborando interpretações acerca dos romances do autor português, Teotônio procura entender como questões acerca da posição do escritor, diante das discussões em torno do lugar de fala nas literaturas, se encontram nas dimensões do texto literário. Examinando os principais temas que percorrem a obra romanesca de Valter Hugo Mãe, a autora propõe mapas de leituras que refletem sobre questões de gênero e subalternidades na literatura.

Com onze romances publicados, o autor Valter Hugo Mãe é um dos escritores mais lidos da atualidade.  Sua obra se caracteriza como um esforço por pensar a condição do marginalizado, além de ser singular pelo uso da linguagem, em meio ao grotesco e a poesia. Em suas narrativas, os personagens que representam sujeitos marginalizados na sociedade, como mulheres, homossexuais, velhos, imigrantes, dentre outros, são figuras importantes nas construções de histórias sobre temas como a violência patriarcal e de gênero, memória, colonialidade, fascismo, imigração e racismo.

Em seus romances, as figuras das mulheres, por exemplo, emergem como personagens que simbolizam, muitas vezes, a condição sofrível do feminino em uma sociedade de ordem patriarcal. O gênero é, portanto, um dos motes da escrita de Valter Hugo Mãe, que, como o próprio nome alude, tem procurado discutir em suas obras as diferenças entre homens e mulheres, além de tentar entender como a violência percorre as estruturas de uma sociedade falocêntrica. Mãe é, talvez, um dos escritores homens que mais escrevem sobre as mulheres, sendo elas as principais personagens dos seus romances. Desse modo, como entender a representação do outro em sua escrita? Teria o escritor, hoje, a capacidade de representar com legitimidade os grupos que não fazem parte do seu lugar? E mesmo que a resposta seja não, qual a importância em discutir o lugar/posição do escritor? E mais, qual o papel do escritor frente à urgência em fazer surgirem as vozes antes silenciadas? Diante dessas questões, a discussão proposta por Rafaella Teotônio é importante para entender não somente a obra de um autor tão singular, mas compreender como a literatura se constrói enquanto um exercício de alteridade.

_outras informações

isbn: 978-65-87814-34-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5x21cm
páginas: 280 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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