tenho aceitado a solidez e o peso das coisas
tenho observado os movimentos coreográficos da vida
especialmente quando me calo ou contraio os músculos
deixando gestos suspensos no ar
tenho ansiado por águas limpas
persigo a única lagoa cheia no estio
o mergulho compensa a fadiga
não quero ser barragem
quero ser canal
depois de tantas imersões em águas doces e mares revoltos
sigo indagando:
vamos?
R$45,00
_sobre este livro
Em seu livro de estreia, Mariana Diniz transforma a vida em poesia. Dividido em três parte — mulheres, idosos, crianças —, a poeta brinca com a mulher que é: “a certeza/dos últimos óvulos/pesa na fronte/comprime o ventre/turva o horizonte”; a idosa que será: “como a velhice crescendo em meus escombros”; a criança que foi: “no sonho, caminhei de mãos dadas com uma garotinha que desperdiçou a infância”. Presente, futuro, passado misturados no cotidiano.
Urgente é a gente nos convida a enxergar beleza nas contradições do ser mulher: o cuidado, o desejo, a maternidade, a culpa, o envelhecimento, o amor, “na moldura do casamento, para onde resvalam as mulheres?”, e nos faz refletir sobre o peso dos papéis sociais do gênero feminino.
Minha primeira lembrança da Mari é a de que ela não queria ser escritora. Eterna leitora, era o que dizia ser. Mas a palavra é traiçoeira: quem vai se cercando dela numa leitura aqui, num livro acolá, quando vê, está tão misturada delas que “enquanto você escreve/seu marido vai ao supermercado/a professora ensina os filhos”. Para nossa sorte, Mariana Diniz se deixou ser levada pelas palavras e não é mais uma “escritora muda”. Eis aqui a urgência de sua poesia.
Nayara Noronha
_outras informações
isbn: 978-65-5900-404-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 60 páginas
papel pólen gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª