Tarde inventada

Disponibilidade: Brasil

Houve um poema.
Perdi-o.
Perdi-o
(como tantos)
em busca
das palavras
que o dissessem.

Tantos poemas perdi…
Tantos poemas perdi assim.

R$58,00

_sobre este livro

Os poemas desta Tarde inventada têm a aparência das crônicas urbanas do cotidiano, narradas numa linguagem simples e envolvidas num lirismo levemente irônico e descompromissado. Um bálsamo para a alma sempre atarefada e cansada das pessoas em situação de cidade.

Mas, a este leitor que busca refúgio no entretenimento, recomenda-se o cuidado de não se deter demais nos poemas, pois nas suas entrelinhas singelas afloram temas graves, como a morte, o amor, o (homo)erotismo, a memória, os problemas sociais, as dúvidas e angústias pessoais, existenciais, poéticas etc.

E se o leitor se aprofundar mais, vai perceber que a linguagem simples do texto oculta uma complexa trama de sons e imagens, que dão densidade e intensidade aos temas; e que a leveza superficial da crônica encobre um espesso abismo de sentido, que só a melhor poesia consegue expressar.

A tarde, anunciada no título e obsessivamente evocada nos poemas, é usualmente uma metáfora para a maturidade ou a velhice. E essa conotação está presente no livro. Mas há também o resgate e a reinvenção das tardes da infância e da juventude. Há, ainda, o lirismo das tardes marginais dos loucos, dos animais e das cenas insignificantes, cuja magia passa ao largo da percepção utilitária da vida urbana, voltada ao trabalho e ao entretenimento.

A voz do poeta evoca essa profusão de tardes gratuitas que se entrelaçam para formar a teia poética de uma grande tarde onírica. Mas o livro não se resume a este salto para o devaneio lírico, pois os poemas também tropeçam no chão das tardes de trabalho e da vida ordinária, cujo tédio o poeta acolhe e apresenta prosaicamente ao leitor.

E aos saltos líricos e tropeços cotidianos somam-se ainda as quedas desencantadas que atravessam o livro, na forma de desencanto social em relação ao mundo pós-moderno, mas também como desencanto existencial diante do sem sentido da vida.

Encanto lírico, tédio cotidiano e desencanto social e existencial são os fios afetivos desta tensa e contraditória Tarde inventada, teia sensível de poesia disfarçada de crônica. Disfarce que é mais uma trama da obra, urdida entre a simplicidade aparente do texto e sua complexidade latente.

Quem ousar um mergulho sob a superfície literal da crônica vai encontrar, com o perdão do trocadilho, a verdadeira Tarde inventada de Ubiratan Costa, uma intrincada teia de canções, ao mesmo tempo, subjetiva, social, existencial e metapoética. Trama lírica, ávida por enredar o leitor nos prazeres, e pesares, da boa poesia.

Wilton Cardoso

_outras informações

isbn: 978-65-5900-570-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 43x19,5 cm
páginas: 128 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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