a minha pulsão é de vida.
mas todo pânico é receio de uma avaria sem volta.
toda angústia
é medo da falência múltipla de órgãos.
R$45,00
_sobre este livro
Se hoje é mais fácil imaginar o fim do mundo que o fim das forças devastadoras da vida e do planeta, nada mais urgente e difícil do que criar insurgências (mínimas e maiores) contra as ruínas do mundo, que nascem da criação de modos não convencionais de sentir, pensar e agir. A experiência poética é o operador essencial desses sopros de vida.
A escrita de Vivian é um inventário poético de movimentos aberrantes. Cartografia de poemas-desvios: trama poético-clínica da emergência dos sentidos. Mapa singular das potências e limites da compreensão: “queria entender o tempo, mas só se acercava de seus simulacros, de suas impossibilidades, talvez escrevendo sobre ele tudo fizesse mais sentido”. Poemas-caleidoscópios: fluxo de imagens dos gestos vitais e antivitais do tempo distópico da banalização da violência e injustiça social.Poemas-manifestos: traçado inquietante das linhas de dominação e de rupturas que operam outras formas de existir. Escrita macro e micropolítica da urgência das lutas pela vida digna: “no melhor dos mundos possíveis, não haveria vergonha de falar o nome do presidente do meu país, não haveria asco, nojo. haveria dignidade no coração seco da república”. Poemas-errâncias: alquimia de corpos dilacerados, afetos paralisantes: “fazer das tripas o corpo inteiro/fazer do medo uma limonada/fazer do brejo uma lama mágica”. Moldar com a escrita uma poética como arte de fazer. Tornar presente. Substância enigmática do tempo. Matéria-prima que desperta o espanto, a angústia. Mas sobretudo a força do encanto de sentir-se viva. E indignada com as expropriações sem fim.
Se o contrário da vida não é a morte, mas o desencanto (dizem Simas e Rufino), Vivian interroga instituídos para afirmar modos singulares e paradoxais de existir. Poemas-pulsações: “com o sintoma pulsando desde dentro, devastação a céu aberto, erro de cálculo numa equação sem começo, mesmo assim pergunto, minha voz um murmúrio acovardado: mas, vida, e se aí, quem sabe, eu for feliz?”.
Interrogação suprema. Felicidade clandestina dos instantes fugidios. Dos contatos mais intensos com a vida. Movimento de quem — mesmo com o horror dos abismos e ruínas — insiste em querer mais. Em criar espaços-tempos de expressão para as histórias secretas dos silêncios. Para a vida que pulsa, pulsa e pulsa mais. Instaurar passagens, traçar veredas, ziguezagues na maquinaria cotidiana do desencanto. Urgência vital da poética das pulsações infinitas.
João Ferreira
_outras informações
isbn: 978-65-5900-291-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 80 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª