Pai

Disponibilidade: Brasil

pois devemos degustá-lo, digo o domingo, como se
fôssemos morrer ao nos deitarmos.
deitar.
e esperar, imóveis, a segunda-feira.
implacável segunda.
isso tudo me fode.

R$48,00

_sobre este livro

Não pude ler PAI sem me lembrar do verso de Manuel Bandeira que diz que o poema deve “Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero”.

O pai sempre está lá, nas histórias de nós, mulheres. A figura do pai herói existe, mas é rara. Desconfio que muitas vezes até inventada para tornar tudo mais suportável. Em geral, o pai é a interdição, a violência que nos assola… Ou a pura ausência (que não deixa de ser violenta). Isso é um pouco que do PAI, este livro, revela. Porque ele não é sobre um pai. É sobre uma mãe, uma filha, uma neta. É sobre ser atravessada, rasgada e violentada de tantas maneiras, pelos homens, pelo Estado, pela Igreja, por ser… Mulher. É um texto difícil se apresentar, pois tem muitas camadas, sutilezas, nuances, gritos e sussurros. Desdobramentos de sentido que apenas quem domina a arte da linguagem e faz dela massa de moldar consegue produzir. Quem torce a língua e alcança seus silêncios. Mas para alcançar o que PAI expressa precisa ter além do domínio da linguagem. Precisa conseguir tanger qualquer coisa etérea, precisa ter a sensibilidade para captar dores e belezas camufladas ao redor. No mato que cresce, no cocô do cachorro, nas baratas fugidias. E precisa ter coragem para dizer do que vê e sente: “a mulher que silencia ou vira tempestade ou a engole. ambas as situações podem ser catastróficas”. É por todas nós que Gabriela Guinatti fala neste livro. É por isso que defini-la como uma poeta ou escritora é pouco. Tem qualquer coisa que vai além naquilo que ela escreve. Também por isso é difícil enquadrar seu texto em gêneros literários. PAI é um poema narrativo ou uma prosa poética. Não importa muito. O que importa são os sentidos e as sensações que ele expressa e provoca. Não é confortável, porque não é disso que se trata a arte ou a literatura. Nem tampouco a vida. Citando o poeta novamente: “Sei que a poesia é também orvalho/mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade”.

Pamela Zacharias

_outras informações

isbn: 978-65-5900-603-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19 cm
páginas: 76 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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