O tédio dos dias variados

Disponibilidade: Brasil

chove sobre a cidade
como chove sobre o menino-
homem da porta ao lado
(the boy next door)

 

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Li estes poemas como quem passeia os olhos em uma estante de livros. O tempo todo, fui lançada na constelação de leituras de João. O livro me pareceu uma fotografia povoada de gente em que eu podia encontrar alguns rostos conhecidos: Angélica Freitas, Matilde Campilho, Audre Lorde, Ana C., Adélia Prado, Grada Kilomba, Adília Lopes, Angela Davis — apenas lembrando algumas das autoras citadas nominalmente. O movimento de leitura que fiz foi vertiginoso, porque, afinal, é potencialmente infinito: ler o que o João leu, depois ler o que xs autorxs de João leram. E então, O tédio dos dias variados não se esgota. É recorrente falarmos em “constelação de autorxs” quando nos referimos a esse repertório de leituras reunido em um texto ou livro, mas talvez aqui a imagem mais acertada seja a de uma nebulosa. As nebulosas são nuvens formadas por poeira cósmica, resíduos de astros, mas, apesar de feitas de restos, são consideradas berços das estrelas. Assim são chamadas porque, em determinadas ocasiões, quando há o aumento da força gravitacional e o aumento da temperatura, seus átomos se reúnem formando novos corpos celestes. Neste livro, as leituras-átomos de João, as suas pessoas e experiências, se condensam e formam também uma espécie de nova estrela. Enquanto lia, lembrei que um dos homens que mais amei até hoje tinha nas costas uma série de pequenas pintas e, sempre que eu fazia carinho nelas, dizia a ele: “estou namorando sua nebulosa”. Acho que essa lembrança me veio também por causa da paixão que João explora no livro. Esse significante — paixão — volta em diferentes momentos, de diferentes maneiras. E há força gravitacional maior que a paixão? Usina de alta temperatura maior que o desejo? A paixão por homens específicos, a paixão frustrada, a paixão realizada que, depois, nos decepciona, essas nossas obsessões. O desejo atravessa tudo, é ele que guia também os diálogos intertextuais: “não é qualquer dickinson/que eu trago pra cama/pra me descobrir//pedaço por pedaço/é preciso ser grada kilomba/ou mulherão feito angela (a davis)//pra me descobrir/na minha cama/é preciso falar a minha língua […]”. E é desse modo que encontro este livro, como um centro gravitacional apaixonado, que atrai para si aqueles que povoam os dias entediados de João. João G. Júnior

Juliana Travassos

_outras informações

isbn: 978-65-87076-41-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas:  62 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

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