O ano era 2013, vi um post em uma página do Facebook, chamada Literatura Cearense, sobre um de meus livros (logo, uma grande alegria!), parti para conhecer quem seria o mediador do espaço, e assim me esbarrei pela primeira vez com Léo Prudêncio.
Neste caminhar dos anos, ficamos amigos, acompanhei-o em suas experiências poéticas e o vi crescer enormemente. Enquanto literato radicou-se em Goiás, mas nunca se mudou do Ceará (isso é fato!).
Léo a cada dia adentra-se no ser cearense, e em amplidão no ser nordestino, atento como pesquisador a debulhar quês desse povo, adentra-se como sol em frestas, a lumiar o não-visto. Eis que agora embarca no fazer dramatúrgico com este seu primeiro trabalho para teatro, O matador de cangaceiros, uma tragédia do sertão.
Léo adentra um debulhar literário dentro de um campo arquitetado por grandes de nosso teatro, do qual agora ele se apresenta a fazer parte. Daqueles cito Ariano e toda a sua estética armorial presente não só na literatura, movimento do qual sei que Léo é devoto; Dias Gomes com o seu adentrar no ambiente interiorano, principalmente ao ser simples do povo, característica presente nesta obra de Léo; e por que não citar Chico de Assis? Que, apesar de paulista, traz trabalhos monumentais sobre o nordeste do Brasil, coronelismo e cangaço, temas centrais de Prudêncio.
O matador de cangaceiros vem somar à dramaturgia nordestina por inúmeras razões. A primeira, o fato de ser uma tragédia sertaneja, interiorana (poucas são de fato apresentadas); o trazer social da segunda metade do século XX de uma pequena cidade do Nordeste, marcada já pelo funcionalismo público, pelo poder clerical já em declínio, no entanto extremamente presente e atuante às crenças populares que por fim regem a vida deste povo e pontuam o motivo deste trabalho. E assim Léo Prudêncio nos presenteia com esta obra e oferta suas letras, para nossa alegria, aos palcos, que com certeza o reverenciarão.
Que suba a cortina.
Mailson Furtado, um sertanejo