B( )NECA RUSSA.doc

Disponibilidade: Brasil

VIZINHA
Você tá me machucando!
MÃE
Todo domingo é assim.
VIZINHA
Vou pegar as crianças e vou embora desse inferno!
MÃE VIRA VIZINHO
NINGUÉM VAI SAIR DAQUI!

R$52,00

_sobre este livro

B( )NECA RUSSA.doc poderia ser só mais uma peça sobre pessoas trans. E é importante salientar aqui que falar sobre pessoas trans ainda é, muitas vezes, falar sobre violência. Seja esta de cunho físico, psicológico ou verbal.
Segundo a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), uma pessoa trans é morta a cada 48 horas no Brasil. E, quando não é morta, é suicidada. O que dá quase no mesmo. Isso faz com que a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil seja de 35 anos, metade da média nacional.
Só que B( )NECA RUSSA.doc é mais que uma peça sobre pessoas trans. É um caminho de volta para casa.
É uma tentativa de road-play (bem-sucedida, diga-se de passagem — e passagem é um termo que cabe perfeitamente
quando se fala de transição), de tirar as travestis das ruas — lugar esse em que, não raras vezes, são depositadas por suas famílias — e dar a elas a possibilidade de voltar para casa.
A peça é um copia e cola de diferentes gêneros textuais (um manual de instrução, postagens de Twitter, um percurso de GPS, um roteiro técnico de cinema), assim como a própria travesti. Que, quase sempre — senão sempre —, é recortada e colada do seu corpo, da sua história, da sua família ou casa. A linguagem e seus recursos são explorados como ferramentas de ativismo (sem cair no caráter panfletário característico das peças-manifestos), a fim de calcar possíveis transformações sociais como a prerrogativa de humanização desses corpos tão marginalizados que, na maioria das vezes, nem chegam a ser considerados humanos pela maior parte das pessoas. Mas mais que uma peça sobre pessoas trans, B( )NECA RUSSA.doc é uma peça sobre transição (não à toa se utiliza do recurso linguístico de um GPS no transcorrer da peça). E não só de pessoas trans, mas daqueles que convivem com elas. Porque quando uma pessoa trans transiciona, todo mundo transiciona com ela. É também a possibilidade de criação de uma biografia trans diferente daquelas que aparecem nos obituários dos jornais, porque se trata da narrativa de pessoas trans vivas. Feitas por pessoas trans viva uma vez que a peça foi escrita para ser encenada por dois atores trans). Este é o maior ato político que um corpo trans pode exercer: manter-se vivo.
E isso é tudo o que importa.

Fabia Mirassos

_outras informações

isbn: 978-65-5900-238-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19cm
páginas: 152 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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