Nódoa sobre tela

Disponibilidade: Esgotado

a sereia parece livre
frequenta mares e terras
navega com ou sem nau
mas não escapa
de ouvir seu próprio canto
que insiste em abismos

R$45,00

_sobre este livro

Leitoras, leitores! Aqui, nessa orelha, lhes convido a percorrer as voltas e as volutas dessa Nódoa sobre tela, como a cobertura apetitosa, volumosa, em espiral ascendente de um bolinho que será devorado em uma, duas ou três mordidas. Importante lamber nos dedos os resquícios do creme não apenas decorativo. É sim de fomes, texturas, odores e sabores que se faz esse conjunto de poemas. Nele, Ana Araújo investiga os sentidos da língua, da palavra, o que delas e com elas podemos ouvir, tocar, cheirar, saborear e ver. Na imagem da nódoa que dá título à obra é possível encontrar um mapa que provoca a trilhar direções. Quem se entregar à experiência corre o risco de se deparar com paisagens imprevistas de um cotidiano nada banal. Aqui o mundo doméstico – a vida íntima, o interior da casa, a experiência corpórea da mulher – é selvagem, grandioso, abundante, feroz e profano. Afinal, é de mácula que se trata, dos desastres que se inscrevem no corpo e na língua de modo incontrolável, e por isso ampliam nossa potência de criar e de gozar, já que o desejo não é asséptico, plano, liso, mas se nutre das fricções, dobras, brechas, sujeiras, pulsações, de tudo o que vaza e escapa. Esses excessos contrastam com a exatidão na escolha das palavras, na extensão dos versos e na duração variável dos poemas, que abrigam sempre uma dose de irreverência, ironia e sensualidade. É que a linguagem brinca ao dizer sempre mais do que se diz. Assim, a mancha é também “uma espécie de aura”, nos diz Cornucópia, esse poema da boa-fortuna, povoado de larvas, pus, suor, moscas, ratos, formigas e outros seres e substâncias proliferantes, nem sempre convenientes e ainda sagrados, que habitam mais poemas no livro. Aos poucos, quase sem perceber, somos imersas em outra investigação, agora sobre o amor, ou seria a mesma? Como planta, como brasa, como água, o amor se insinua, valioso, desejado e significativo, universal como a merda, ambos historicamente produzidos.

Elisa Tonon

_outras informações

isbn: 978-65-5900-090-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14,5 x 19cm
páginas: 96 páginas
papel: pólen 72 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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