Livro de Urgências

Disponibilidade: Brasil

Não a fome
Por palavras
Ou pela vida
A fome dos famintos
É outra coisa
Pura carcaça
Abjeta e nojosa
Que nenhuma poesia é possível.

R$48,00

_sobre este livro

Neste terceiro livro de poesias, Livro de Urgências, Jonas Leite evoca como matéria poética as urgências; a inexorável falta física e espiritual. Entre as necessidades mais gritantes, está a de aplacar a fome, esse monstro que volta anacronicamente a ser contemporâneo. O poeta também traz como urgência a fome de amor, de afetos. Destarte, este livro alimenta a alma de quem lê, pois aparecem os exageros inventados para os vazios eternos, o lamento pelo “Ontem” que foi e pelo presente que não é, pois nos apunhala com a banalização da morte e do morrer. Em “Ouro de Tolo”, o destaque é para o ofuscamento do brilho real, encoberto pela “Pose”, esta também falsa; culminando em um “ter sem ser” dos “Encontros de Vazios”. “Poema de Natal” e “Salmo 23” não trazem esperança para aqueles que não têm fé, sendo estes “Penélope”, vivendo de espera ilusória, de um futuro que lucidamente inexiste concretamente. Contudo, em seus poemas, na sua maioria curtos, cortantes, afiados e certeiros, Jonas Leite nos faz lembrar a secura de João Cabral, e também sua reverência ao torpor da aspirina, atualizada com o “Zolpidem”, matéria poética de uma contemporaneidade insone, em que o remédio de dormir não faz sonhar. “Roma” questiona a eternidade das coisas, e a angústia do “Quase” nos lembra dos vácuos eternizados por Mário de Sá-Carneiro; bem como a efemeridade que aparece em “Aniversário”, essa celebração paradoxal que soma e ao mesmo tempo subtrai, como evoca Pessoa. Das urgências da contemplação da alma, aparecem o “Paradoxo, o Júbilo”, que tem a felicidade sempre escorregadia.

Em meio a tantas necessidades importantes, sociais ou individuais, Jonas Leite continua atento aos movimentos incertos da contemporaneidade. Sua invenção poética evoca a urgência do pão e do afeto. E, assim, junta-se caos, abismo, fome, que culmina em “Jardim das Delícias”, guiado por Vênus, as mãos do poeta voltam às vicissitudes de Eros, suas dores e seus gozos. O poeta, portanto, eclode em “Amor”, “Carnaval”, “Mar”, “Blue Jeans”, “Pretérito Perfeito”, “Em Frente ao Desejo”, “Olinda” e “Epílogo”, quando captamos um eu poético em todo o seu esplendor, sugerindo uma espécie de esperança; nem que seja como a efemeridade do “Carnaval” que, assim como o amor, é intenso e transformado em cinzas pelo outro necessitado. Este é o Livro de Urgências de Jonas Leite, de urgente e deleitosa leitura.

Maria Aparecida da Costa

Professora de Literatura Luso-Brasileira

_outras informações

isbn: 978-65-5900-616-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 76 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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