para: madeiro88alice@email.com
quando foi que paramos de trocar
correspondências?
16/04/2019 (2h32 em bh, 7h32 em madri)
você sabe, eu tenho essa coisa de palavras demais, soltas um tanto, que volta e meia me escorrem os dedos. decidi escrever um livro novo esses dias, mas são letras demais que não me descem a garganta, nem saem pro papel. nunca sai! digo, o livro. você falaria que é puro drama e, de fato, você me conhece. ou não, não sei. consigo ficar em casa
sem usar sutiã, agora.
R$45,00
_sobre este livro
Do verbo corresponder surgem as ideias de reciprocidade, troca, cartas, combinações, equivalências, concordâncias, satisfação. Essa é uma palavra — e também uma ação — que sempre evoca uma ideia relacional. Para haver qualquer correspondência é preciso se ter com outra pessoa. Amanda Magalhães, neste seu livro de estreia, explora esse verbete para construir um romance fragmentado e contar a história de Alice e Andréia. Na correspondência, seja ela de e-mails, cartas ou trocas mais abstratas ou ainda mais concretas, é preciso de uma pessoa além, mas esse alguém sozinho também não basta. Corresponder envolve ouvir o que vem sendo dito, exposto ou sentido por alguém, mas por outro lado compreende fazer tudo isso levando em conta a si mesmo. É um exercício de comprometimento consigo, juntamente com o que vem do outro. Um momento de união entre o eu e a outra pessoa, o ouvido e a leitura com o dizer e a codificação. É, em muitos aspectos, a tentativa de estabelecer ou restabelecer uma conexão.
A palavra correspondência de maneira solitária parece evocar um passado já perdido de cartas chegando pelo correio e livros epistolares típicos, mas Amanda mostra a atualidade desse conceito trazendo o e-mail como instrumento e a conexão como resposta. Numa época de mensagens instantâneas e respostas imediatas, a escolha do e-mail parece querer mostrar a importância de processar mensagens para evitar ruídos e obstáculos entre um eu e um outro. Amanda Magalhães então nos conta, a partir desses contos ligados entre si e em looping, sobre esse complexo e inexplicável processo de conexão, colocando duas mulheres que ousam amar mulheres no centro de uma narrativa que trabalha o eu de cada uma delas e a busca por entender esse(s) nós relacional(is). Do verbo corresponder e o que vem antes parte do diálogo para falar com os leitores sobre histórias que, infelizmente, continuam raras. O livro fala de amor, comunicação e construção, mas também é um processo dialógico com poder de fazer conversas e reflexões necessárias acontecerem, seja por meio da alteridade, seja por identificação. Como o próprio título do livro evoca, não há conexão e talvez nem comunicação sem a descoberta de si junto a do outro.
Thaís Campolina
_outras informações
isbn: 978-65-87938-06-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 96 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª