Do silêncio embaixo d’água

Disponibilidade: Brasil

aqui se reescreve
o cânone budista:

a bandeira foi queimada
o vento não venta calmo
e o coração de toda gente
tumultuado como sempre
sob as águas do presente

R$50,00

_sobre este livro

Imagine uma embarcação feita do silêncio embaixo d’água: o seu corpo é um triunfo, a vida, “uma educação pela água em quatro lições”. De repente, um “Espírito à parte” se parte em “O mundo debaixo d’água”; “Je vous salue, Marie”: há “Variações de um começo”. Temos, aqui, um livro em quatro partes iniciado em “Advertência” e acabado em “Indagações”. A abertura e o término deste preciosíssimo livro unem-se como espinha dorsal a dizer: seja bem-vinda, espécie humana! Jhenifer Silva parece te saudar como um venha-se-descobrir com as valas da sua pele: seja a própria casa, depois que os dedos cosem e colhem. Há sempre o rumo de que mães e seus rebentos escapam entre o punhal dessas águas, com a explosão das manhãs, “e toda palavra é espírito que” o barco vai quebrar: sim, para descobrir que há eras, as gerações em movimento nos captam. Que importante é estar devagar por aqui, nestas páginas deliciosas, um mundo todo, e de repente olhar para o segredo de Penélope, que é ainda enganar o Tempo: afundar mais nas águas de uma poesia que ora apresenta toques de prosa poética à la Ana C. Cesar, ora é lírica condensada como em Alejandra Pizarnik. E já que o início é quando se banha na água salgada, nas origens, Silva também faz com que “carregamos nas mãos o signo”, o seu ato precioso de “serei para sempre eu própria a mãe”, a natureza, o fim de “transformar a sensibilidade” como se a poesia evitasse o naufrágio. Ainda para “encenar o fim”, saudamos Do silêncio embaixo d’água como quem sabe que o mergulho é individual, mas também ancestral. E vamos assim para dentro dos olhos de Jhenifer, como se fossem os nossos oráculos aconchegantes. Silva também age como uma poderosa sereia, articulando as quatro seções com ritmo contínuo, que se mantém firme com “o suor viscoso das mãos” da escrita. E conosco, juntos de mais versos a celebrar as batidas de um “oceano, devore-nos”! Aquoso o mundo é o terreno para se transfigurar os papéis e fazer surgir o que é diferente, com a natureza e uma cosmovisão de amor, de cuidado e de revolução que se amparam nas origens. Ainda abismados, como se o vazio dos nomes completasse a rota por se cantar nosso presente. Venha!

Mariana Basílio

_outras informações

isbn: 978-65-6035-017-5
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5m
páginas: 120 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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