Você tem fome de quê? De cliques, de atenção, de um futuro que parece cada vez mais inalcançável? No mundo ultraprocessado, onde a herança colonial é somada à retórica do mérito e o “Deus Mercado” dita suas regras, o que resta para aqueles que correm sem linha de chegada?
Mais do que uma denúncia, Consumo imediato é um manifesto poético que expõe, com precisão e ironia, as problemáticas contemporâneas. Entre versos incisivos, aforismos e indagações, Zeli revela um ciclo de exaustão que atravessa todas as esferas da vida. Da exploração à crise climática, das relações sociais à fabricação de realidades, os poemas transitam entre o íntimo e o coletivo, entre o humor mordaz e o desconforto necessário, trazendo à tona o retrato das engrenagens que nos empurram para um consumo sem fim.
Consumo imediato apresenta uma movimentação que abrange cortes abruptos, enquadramentos em plano aberto e fechado, jogos de perspectiva, constituindo, assim, fragmentos narrativos e visuais. Somados a esse dinamismo, há os momentos de contemplação, que possibilitam um território para a análise crítica da materialidade.
Com referências que dialogam com Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Luiza Romão, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Paulo Leminski e outros grandes poetas, Consumo imediato não é apenas poesia — é reflexão filosófica embebida no cotidiano. Ao percorrer seus versos, o leitor é provocado a enxergar as contradições do presente e a refletir sobre o que ainda resta após os excessos.
Leia sem moderação. Leia com urgência.
Larissa Campos
mediadora cultural e pesquisadora de artistas mulheres atuantes na América Latina