Cineastas indígenas, documentário e autoetnografia: um estudo do projeto vídeo nas aldeias

Este livro analisa 28 documentários da série “Cineastas indígenas” realizados entre 1999 e 2011 pelo projeto Vídeo nas Aldeias (VNA). O autor considera essa produção audiovisual de não-ficção como uma prática de autoetnografia no documentário, na medida em que, ao se conceder uma câmera aos indígenas, lhes é permitido dizer o que quiserem, quando, onde e como filmar, a partir de uma perspectiva interna, na qual eles apresentam suas aldeias, seu cotidiano, sua história, suas festas e rituais, assim como os problemas sociais que enfrentam. A obra propõe a categoria de documentário autoetnográfico para o corpus analisado, tendo como questões: quais são os procedimentos de criação, os métodos de trabalho e as condições de realização dos documentários do projeto VNA? Quais as posturas éticas, as opções estéticas e as técnicas neles presentes? Qual a importância desses filmes para as comunidades indígenas que deles participam? Com que finalidade esses documentários são realizados? A partir da análise fílmica, em uma perspectiva textual e contextual, o livro revela o processo de realização cinematográfica (preparação, filmagem e montagem) do projeto VNA — em que a autoria é compartilhada e a ética, um elemento presente em todas as etapas. A análise mostra, ainda,  emprego e a modulação de diferentes gestos estéticos com uma forte influência dos cinemas direto/verdade, e evidencia o papel político desempenhado pelos documentários. Juliano José de Araújo

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