Formas nômades – arte, política e crítica hoje

Disponibilidade: Brasil

“Formas são forças — refiro-me a uma ideia de Walter Benjamin, para quem as obras de arte — e as de filosofia! — eram uma espécie de reservatório das energias que a vida histórica recalcou. Como na estrutura do inconsciente em Freud, para quem “a criança e seus impulsos seguem vivos no sonho”, no interior das obras (de arte ou de pensamento) se conserva aquilo que poderia ter ocorrido. Reconfiguradas, aguardando o seu desrecalque. Como sonho. A crítica é a imagem desse sonho.”

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_sobre este livro

“Diz Hannah Arendt que cada vez que um recém-nascido chega à Terra, perguntamos-lhe: ‘quem és?’ É uma ideia emocionante, que coloca as pessoas sob o signo do enigma. Para preservar a dignidade do recém-nascido que somos todos os dias de nossas vidas, essa pergunta precisa ser refeita. Todos os dias. E precisa ser respondida pelas próprias pessoas.”

Rafael Zacca, que semeou essa “ideia emocionante” de Hannah Arendt em um dos 18 ensaios deste livro, é o recém-nascido da vez: Formas nômades é seu primeiro livro de crítica. Embora a maior parte desses textos já tenha sido publicada em revistas especializadas, a sua reunião em quatro blocos relativamente autônomos (I. Inconformismo e incomunidade; II. Poesia e política; III. Crítica e forma; IV. Dois sobrevoos) transforma o seu alcance e o seu sentido. Cada estrela brilha diferente quando vista numa constelação.

Durante a leitura, eu repeti inúmeras vezes a pergunta de Arendt: “quem és, Zacca,  quem és?” E ele, a cada novo texto, abordando objetos estéticos, temas e autores os mais diversos (Stella do Patrocínio e Paulo Freire, Walter Benjamin e Paul Klee, Heyk Pimenta e Leila Danziger, entre outras) de formas sempre mutantes (carta, diálogo, ensaio), parecia sempre de novo renascer, como uma esfinge ridente ao propor enigmas indecifráveis.

Recorri então à memória. Seu último livro, O menor amor do mundo (7 Letras), é um dos livros de poesia contemporânea mais tocantes que já encontrei. Só de lembrar do minianjo no jardim de infância que faz as coisas para sempre; ou do galo celestial chinês acordando o Méier inteiro; ou do inesquecível “Banquete no Codorna do Feio”, uma eletricidade com gosto de alegria (ou de felicidade; ou de revolução) percorre a minha espinha, produzindo pequenos choques. Zacca me ensina sempre de novo que poesia é coisa de pele.

“Dize-me com quem andas que te direi quem és”, ouço de repente o fantasma de Zacca sussurrar no meu ouvido. Onde já se viu a própria esfinge decifrar o seu enigma?! Se a poesia recente dele é toda feita dos encontros com seus amigos, amigas e amores, o mesmo se pode dizer do seu ensaísmo. Cada texto deste livro é, em alguma medida, uma declaração de amor a alguém ou alguma obra que foi importante em sua trajetória. Se é verdade que nenhum homem é uma ilha, o Zacca crítico se encontra neste livro com o Zacca poeta: habitado por inúmeras vozes, o bebê Zacca promove o casamento da crítica com a criação e nos ensina que somos quem e como amamos. Crítica como arte de amar, e não como juízo de valor. Eis a grande lição deste livro tão enorme quanto o menor amor do mundo.

Patrick Pessoa

_outras informações

isbn: 978-65-87814-08-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15x21 cm
páginas: 212 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2021
edição: 1ª

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