Cajujerê

Disponibilidade: Brasil

rebimboca da parafuseta
bairro no balaço da
caçamba da cuia entoada
todo bairro dentro do peito a
cara encrua-
da
babados
renasce a flora a ponta da goza
uterina
na vasta várzea
pornoxaxado metelância
teko pentada 762 rajada no baço
fogocruzado
bagaço
tá-feito peita q é nós q tá
balaço
arranque
trintolho naquele bicho degolado depenado
é o bixo do caralho

R$52,00

_sobre este livro

Em tempos em que os poetas vivem em miudeza e suas obras publicadas condensam-se, “Cajujerê” retesa os séculos e espanta o esfomeado pelo poema – aqui, nesta obra, se tem fartura. Os versos acontecem por toda a página, espalhando o corpo da palavra assim como nossa árvore genealógica fundou o Brasil. Os suburbanos, os pobres, os pretos que galgaram todo um país fundado por edificações e rodado pelos braços das máquinas. Sérgio Ortiz de Inhaúma alucina o leitor numa escrita épica onde entidades heroicas estabelecem o maior dos heroísmos do mundo: a cosmopoética. Dénètem Touam Bona quando cunha este termo diz que “A cosmopoética é a forma primeira da ecologia: uma ecologia dos sentidos e da imagine-ação pela qual pajés, ngangas, mães de santo, bruxas neopagãs e outros mestres do invisível estabelecem um diálogo obscuro, tecido de metáforas, com o conjunto de tudo que vibra. ”

Seja em brejo ou barro, em quentura ou vento, ou entre “folhas de bananeiras onde me mijei / deitada”, o invisível transita pelos subúrbios do Rio de Janeiro assim como anunciou o poeta Marcos Nascimento no poema que abre seu livro “Os portões da fábrica” (7Letras, 2020). Esse subúrbio que acontece antes das fundações das casas e fábricas, quando ainda a palavra antepassado era futuro. É como se a materialidade dos corpos que estão celebrando e gemendo por esses espaços coexistissem com o tempo que não finda, formulados em alguma espécie de sexto sentido, extrapolando a matéria.

O autor propõe uma leitura profunda em que a experiência poética acontece no campo da imaginação dos sentidos. É preciso ver, cheirar, apalpar, cantar e escutar até que se crie uma dimensão total do verbo. Com um repertório de palavras assombroso, vislumbramos uma paisagem ancestral erguida sobre nossos olhos e escrita por um poeta habilidoso no traquejo das quebras de versos e na atenta disposição de experienciar o mundo arredor.

Valeska Torres

_outras informações

isbn: 978-65-5900-425-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 172 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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