As fantasias da carne

Disponibilidade: Brasil

os jovens pastores de Creta sorvem bagas maduras
têm as tetas de fora, ao vento
querem ouvir o amor a tocar cítara
querem gozar os anos lindos
eles querem pecar
mas ainda não sabem pecar
não inventaram pecado
e o primeiro pecador só daqui a centenas de anos

os jovens pastores de Creta sorvem bagas maduras

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_sobre este livro

Matheus R. Gonçalves é jovem, mas seu espírito é ancestral: como um vigoroso bardo de aldeia ou um velho cronista em sua biblioteca, ele vai cantando e catalogando imagens sobre o corpo masculino, até formar um painel que pode muito bem ser descrito como um épico, no seu sentido mais coletivo — uma história dentre muitas, mas uma bastante especial. Afinal, o que liga o belo Antínoo aos marinheiros de Jean Paul Gaultier? O seminarista tentado pela carne dos santos ao martírio de Mishima? O corpo perfeito da propaganda comunista ao beefcakes do cinema em technicolor?

Comunidades possuem seus códigos, uma história cultural, e com o tempo formam uma iconografia. Matheus Gonçalves traça a contínua cronologia e permanência dessas imagens e, nos poemas que compõem este As fantasias da carne, versa sobre as relações entre o homem e seus desejos, partindo do ponto de vista íntimo de um corpo e de um imaginário homoerótico, homoafetivo, histórico e, até certo ponto, histérico. Para isso, introduz eu líricos, imagens e personagens diretamente ligados a esse universo de referências da cultura gay.

Com o erotismo sublime de um Kaváfis, o humor e o devir de uma Angélica Freitas e a versatilidade de vozes digna de nossos melhores poetas, o autor decanta essas figuras de heróis, deuses, santos, atores de cinema, gogo-boys e modelos de propaganda de guerra ou da publicidade em sua essência como fantasias não apenas do corpo masculino em si, mas dos múltiplos olhares sobre esse corpo, que ao longo dos séculos constituiu-se num verdadeiro cânone, em contínua transformação. Um cânone que atravessa culturas e oceanos, que se inicia com a imagem de um veado ferido e se encerra com a de uma sensual pantera saindo à caça. Matheus canta corpos elétricos — e molhados — e os insere na sua poesia como imagens feiticeiras distorcidas ou reveladas sob a luz dos versos, fazendo deles a matéria-prima da fantasia poética e o instrumento de fixação dos mitos de sua aldeia, uma comunidade que possui códigos próprios, uma história cultural que atravessa séculos e uma iconografia cheia de ambiguidades cantada por esse novo trovador tão jovial e ao mesmo tempo tão antigo quanto o mundo.

Samir Machado de Machado.

_outras informações

isbn: 978-65-5900-487-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 116 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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