00:00

Disponibilidade: Brasil

casa

substantivo feminino
do latim, casa.ae, que, em português, data de 1221
sinônimo de lar domicílio residência vivenda

ou

espaço material no qual
os bicos dos peitos, sem escrúpulos, tocam
o dentro das blusas

R$45,00

_sobre este livro

Nesta primeira coletânea, Fernanda Lira já demonstra habilidade em lidar com diferentes recursos da linguagem poética: o verso livre, o poema em prosa, entre o narrativo e o expressivo, o poema em forma de conversa, de fragmento de diário, de lista em que a poesia aparece em meio a itens de supermercado. Também é significativo o uso do espaçamento e de recursos gráficos que produzem tensão entre significado semântico e potência semiótica — herança mallarmaica homenageada ambiguamente em um dos poemas. A intertextualidade, ora mais ora menos explicitada, é bastante presente também, aproximando diferentes tipos de discurso como o da filosofia e o da música pop, o da poesia da tradição moderna e o do mais “infraordinário” coloquialismo.

O poeta Paulo Henriques Britto empresta seus versos à epígrafe, abrindo o livro, portanto, sob uma marca de intensidade e falta, que reaparece no modo como a primeira parte, intitulada “de tout coeur, é seguida de poema intitulado “Se segura, Cinderela”. A Paulo e Mallarmé vêm se juntar referências tão diversas como o escritor surrealista Michel Leiris e as cantoras pop Rita Lee e Lana Del Rey, citada em um poema em que a poesia é mostrada como “pseudoautobiografia” conflitante: “hope is a dangerous thing/for a woman like me to have. Essas e outras citações musicais dão o tom da segunda parte do livro, não por acaso intitulada “.mp3. A ela se seguem as nomeadas como “retalhos e pílulas”, que ajudam a confirmar a tessitura, entre excesso e falta, dessa poesia.

No conjunto de procedimentos convocados, se encena uma possibilidade de atualização do lirismo como subjetivação dramática do escrever e do apagar, do escrever apagando — dolorosa conjugação da arte de poder com a arte de perder, a si mesma, inclusive ou principalmente, como ensina Elizabeth Bishop, lembrada no poema “Não é nenhum mistério”. Mostrando coração, corpo e palavra sempre à beira da queda, do que já foi e do que ainda não é, tempo-espaço 00:00, como apontado desde o título do livro, a poesia de Fernanda representa uma bela promessa.

Celia Pedrosa

_outras informações

isbn: 978-65-5900-326-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5cm
páginas: 84 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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