Este Réquiem é dedicado aos seres marinhos e àqueles habituados a profundezas, ou seja, a todos nós leitores e amantes da poesia. Com uma linguagem madura e utilizando de referências consistentes, Íris Ladislau nos apresenta uma poesia completa, um livro como um caminho a ser trilhado e contemplado.
Réquiem ou O sopro de Vênus é dividido em duas partes, primeiro A queda, nos apresenta todas as pequenas batalhas, as mortes por que passamos diariamente, o fim da inocência. Banshee prevê nossa morte, porém esta se mostra uma velha amiga. Afinal: “sou apenas um grito morto na garganta”, “túmulo de palavras e sentimentos”. A palavra aqui reflete como a súplica e a oração. “Contemple meu corpo envolto na palavra (…) Me descobre lá dentro”.
A segunda parte, O gozo, prevê um novo momento, uma outra possibilidade nessa trilha que é a vida vivida na profundeza. “Agora é tempo de nadar”, e amparada por Sekhmet, Hathor e Bastet aqui a palavra é uma égide: sustentação, auxílio e escudo de uma eu-lírica guerreira, forte e dona de seu corpo (de sua voz). “Aprendi a nadar”, “pois no meu prazer sou eu que mando”, a parte que completa e contempla “a força erótica que jaz recôndita em nosso Ser”. Por fim, encontramos então a harmonia do que ruge e canta, do sol e da lua, da guerra e do amor, entre pele, luz e juba!
Um livro profundo, que diz muito das batalhas e das conquistas femininas; um livro necessário, que fala de íntimo para íntimo; um livro intenso, que nos acompanha na queda para nos mostrar o caminho do gozo.
Ana Cláudia Dias Rufino