Cosmonópolis

Disponibilidade: Brasil

E que seja ele forte no amanhecer daquele dia
Várias vezes ao passear na praia de Copacabana
Eu indaguei que não sabia da sua história
O que sabemos nós das histórias dos outros?
O que os outros sabem de nossas histórias?
O que sabemos nós dos corpos falecidos daquelas crianças
Que nem puderam pedir socorro
Porque dormindo estavam
Se deus existe
Eu faleço

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_sobre este livro

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Quando se sai pela cidade, ou simplesmente se vive em uma dessas cheias de gentes, vivendo muito próximas umas das outras, gentes usando muitas engrenagens para recursos cotidianos que enfileiram praticidades: ouve–se o rumor de muitos barulhos. Todo o tempo, esses barulhos aterrorizando a percepção do que se poderia catalogar como olhar poético, contemplação. Marilene se dispara para dentro desse problema e o poema que ela constrói devolve, com ritmo e vísceras, a cidade para o seu próprio ruído. A poeta beat que essa poeta é, acaricia o tema com luvas de arame. Apodera–se das ruas e se empodera em qualquer espaço que escape à visão e aos ouvidos. Não há limites para a coragem no peito dessa poeta. São infinitas as acomodações onde ela pode repousar qualquer universo e lavar um planeta com sua erosão. Vertigem é verso em Marilene Vieira. O que sabemos nós das histórias dos outros? Quem é essa poeta que não estanca a fala e a escrita e não cessa de inventar o mundo usando descartes e fragmentos dele próprio? Fragmentos esses, que outros atropelariam, ou então que fingiriam não ter aderência com eles, por não ter cuidado com arestas. Essa poeta que não para num único ponto, sulcando o chão com seus versos, enquanto os dispersa em vetores violentos pelo ar, e que prefere sua voz crua à amplidão de um microfone; está aqui neste livro para que você se alimente de um grande espanto. Para que você duvide se ainda respira, enquanto seus olhos juntam letras formando o som que ela organiza. O texto de Marilene é ladeira abaixo. Para o leitor escorregar e rolar sem controle, como um deslizamento de terra solta e dura, na velocidade que ela impõem, mais forte do que a gravidade poderia. Cosmonópolis é uma ameaça ao que vemos e ao que vive inerte ao nosso redor. Essa poeta faz aqui, o que pretende fazer a ventania; batendo portas e espalhando, longe, os papéis dispostos na mesa com temas que julgamos importantes. Marilene Vieira é a junção do mar com o continente: onda arranha pedra enquanto pedra arranha onda. A areia nunca gasta e sempre tem mais onda socando o chão, na praia. Cosmonópolis não para de se chocar e se expandir. Cidade Total. Zilhão de partes num único. Não existem níveis seguros para o consumo destas substâncias. Exista enquanto é tempo.

Pedro Rocha

_outras informações

isbn: 978-85-69433-26-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5 cm
páginas: 58
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2016
ano copyright: 2016
edição: 1

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