Escorpião

Disponibilidade: Brasil

Pode uma carta de amor ser, ao mesmo tempo, uma carta marcello de despedida? Escorpião parece indicar que sim, pois é a carta que um homem, prestes a tirar a própria vida, decide escrever quando lembra da pessoa que mais amou na vida e percebe que, se ela vier a saber de seu ato, talvez não consiga compreender suas razões. Angustiado, antes de partir, ele lhe escreve. Para se explicar. Mas também para se entender, para entender como sua vida foi acontecendo até que ele chegasse a essa situação-limite.

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_sobre este livro

Caro(a) leitor(a),

Escorpião é uma longa carta. Nela, J. escreve a Lara anos depois de ter sido abandonado: “embora a gente tenha sido feliz e se amado muito, eu fui foi uma espécie de agonia para você. Tanto que você não aguentou e partiu, sem aviso nem nada. E não precisava. Eu sabia. Rói por dentro conviver com gente como eu.”

Quem é J.? Só posso te adiantar que ele é médico. Exímio cirurgião. E que, ao longo da vida, tornou-se não exatamente um homem pessimista, mas melancólico, sensível às frustrações, dificuldades, violências e abusos relatados por suas pacientes.

  1. não consegue esquecer, mesmo já tendo se passado tanto tempo. Será que essa carta vai ser lida? Por que escrevê-la, então?

Para Philippe Lejeune, a carta, por definição, é uma partilha. Ao se dirigir a Lara, sua interlocutora, ele também passa a se ouvir. Ao partilhar sua voz, J. rompe o silêncio e narra seus dias, procurando dar um sentido à vida, mesmo que ilusório; procurando justificativas diante das máscaras que inventou para si ou tentando entender como suas escolhas, conscientes ou não, como os traumas que o marcaram foram determinantes para suas ações e sua percepção de mundo.

Como expressar tudo isso? A linguagem da carta é também uma linguagem-corpo, em que as palavras vão sendo impressas, ocupando e marcando nossa pele, imprimindo sentidos. Um corpo que, ainda que fale de si, carrega um endereçamento, um tu — outro corpo, outra pele, outra letra. Há um monólogo que se quer diálogo — fissura e desejo —; uma voz que se quer polifônica —, tentando acertar ritmo e compasso.

Entre a frieza do corte preciso e a incerteza do destino, o personagem hesita, questiona-se, reflete. Rasga e sutura a memória impiedosamente, procurando talvez um elo perdido, a medida de todas as coisas, o momento em que há uma reviravolta e que um novo destino se desenha, ainda mais incerto, mais angustiante.

Tal como um escorpião — conhecido por viver intensamente suas emoções (ainda que sombrias) e por buscar significados em tudo o que faz —, J. destila seu próprio veneno, num processo de limpeza e reinvenção de si mesmo.

Pois bem, esta carta-orelha é o meu processo de interpretação do Escorpião: texto rico, profundo e instigante.

Te desejo uma ótima leitura!

Atenciosamente,

Claudia Chigres

_outras informações

isbn: 978-65-5900-851-3
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19 cm
páginas: 44 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª

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