Organizadores: Carlos Eduardo de Souza e Mello e Léo Rachid
Para Dopê Dias, nos parece notável, é como se nunca fosse possível entender porra nenhuma do que se passa ao redor, mas sempre fosse possível estudar epistemes. Talvez a grande lição que nos nega o material de Dopê seja essa geografia literária mundana do não visto: fortes por suspensão, beleza e argumento estão no que ainda não nos atingiu. De resto, é sossegar o facho e deixar o dia cair. Ou a noite subir. Depende da parte do corpo; o coração, o estômago, a virilha e os pés estão localizados em hemisférios por demais distantes para terem uma percepção única da passagem do tempo.
R$52,00
_sobre este livro
Quando meu neto me enviou um zap sobre a orelha de seu livro a respeito de Dopê Dias, eu disse Hoje a noite da Arábia é qualquer canto, nesses tempos de quentura como nunca se viu. Os lugares onde as caravanas passam são a Tijuca, o Méier, o Centro. Bárbara esta cidade bárbara: como é bárbaro o nosso lar. Já não há direções de onde o vento corre ou solapa: é tudo o todo a não ventar. Os camelos querem descansar, os camelôs também. Para onde vão os impostos que não são sonegados? Estão se acumulando em pilhas mágicas de moedas de ouro em algum lugar das arábias cariocas. A imensidão de cultura e expressão? Sim, poderá ser encontrada. Contudo, pode ser que esteja mais exposta nos lugares menos olhados por quem é de fora. Não queiram, please, se surpreender a todo o tempo com o Rio de Janeiro, como se os absurdos soassem fora de lugar. Trata-se de uma das cidades mais equacionais de perfeição equacional do Brasil. O que me alegra é saber que Leonardo e seu amiguinho se interessam por falar — de um jeito peculiar, é vero — sobre o assunto. Quanto a Dopê Dias, não sei do que se trata.
Vovó Penha, mãe do pai de Léo Rachid
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Meu neto, desde novo, sempre amou as crônicas de Dopê Dias. Sentava às terças-feiras ao lado do avô para pegar sol na varanda e roubava o caderno “Cotidiano” d’O Mundano Tijucano. De perninhas cruzadas! Ah, que delícia de menino. Fazia umas caretas terríveis de quem não entendia nada do que lia. Mas as perguntas que fazia sobre a cidade em que vivia mostravam o quanto a coluna despertava nele o interesse pela história viva da cidade. “Vovó, o que é um flâneur?”. Hahaha, eu nunca sabia responder nada. Aí eu e o avô inventávamos. E ele se satisfazia com as respostas, sabe? E trazia umas conclusões interessantíssimas sobre o que não estava escrito. Parecia que esse era o objetivo mesmo de Dopê. Provocar o leitor a inventar uma cidade nova a partir do que ele sentia que ela lhe dizia. Dizer pro leitor sentir uma cidade nova a partir do que ele provocava ela a lhe inventar. E qual não foi a minha alegria ao saber que agora ele estava de verdade estudando os escritos de Dopê! Eu achei uma graça. Esses meninos inventam cada uma… e a gente dá força, né? Te amo, meu lindo!!!
Vovó Alayr, mãe da mãe de Carlos Eduardo de Souza e Mello
_outras informações
isbn: 978-65-5900-801-8
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 104 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2024
edição: 1ª