Muamba

Disponibilidade: Brasil

a minha dor é

uma abelha
circular
à espreita de
uma flor.

quando mãos humanas lhe
ameaçam
tocar
ou matar

ela não se recolhe.

É pólen ou ferrão: você escolhe.

R$50,00

_sobre este livro

O que pode a muamba de uma infância? Com este livro, Maria Eduarda nos convida a vislumbrar um processo: desde o roubo, até o desaparecimento dos vestígios de sua muamba. Diz ela: “eu escrevo com a pele, do raso exposto, fútil, tosco, sujo, das formações sutis, do que não cheguei a ser”. Ela escreve desde o hiato, do buraco negro de onde tudo sai e onde tudo se reencontra, “ao mistério e à delicadeza que corre nos tubos, onde toda a merda junta é um motim, uma ética, uma floresta, inteiramenteindiferenciável”. Do abismo de dentro, composto por fragmentos de vida e morte, provindos dos gritos da pulsão vital de quem insiste. muamba é o estilhaço, aquele caco que “só existe no momento da queda”, cujo corte de um andarilho desavisado resulta no sangue exposto, sangue que corre na veia de todos os desterritorializados, de todos os que caminham, que vendem e são vendidos. Aqui, a trans-ação que movimenta a vida está guardada em cada palavra e serve de escambo aos que se lançam à feitiçaria que acontece no opaco mistério destes poemas. Como quem busca algo de valor no lugar errado, longe do brilho das vitrines e perto das sarjetas, leitores que se encontrarem com esta escrita vão experimentar as mais diversas transações do espírito, começando pela torção da lógica que rege as aparências das transações capitalísticas, já que aqui o processo começa pelo roubo. Maria é diversa, é plural e — assim como as mercadorias roubadas que aqui fazem cena — traz consigo vários mundos em sua muamba. Mundos que, para além do bem e do mal, trans-acionam também diversos afetos em quem a lê. Para carregar e publicar uma muamba, há que se correr o risco. E não existe vida sem risco. E disso Maria sabe quando nos conta que “o risco é o que produz e o que ameaça a possibilidade de nadar; e nadar é preciso, ainda que viver não o seja”. Aqui há de tudo, para todos que procuram desvelar a vida e se aventurar sem medo. Trata-se de uma ética: tomar a coisa, mover a coisa, trocar a coisa por outra coisa, apagar os vestígios da coisa. Uma ética da metamorfose, da muamba enquanto rastro do que em nós é coisa, e também bicho, e também criança, pois “tudo que nasce está já em trânsito”.

Débora Caetano Dahas

_outras informações

isbn: 978-65-5900-582-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 116 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª

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