O choro rompeu o silêncio na mata — o que não é verdade, já que na mata não existe silêncio, muito menos à noite. Mas sim, aquele choro sobressaiu-se a todos os ruídos que na madrugada assustam e, às vezes, nos arrebatam a alma: ao barulho dos grilos, dos sapos, do caburé… do vento arrastando as folhas secas ou fazendo ranger o bambuzal; das criaturas existentes ou imaginárias; dos seres encantados e dos espíritos.
Os pássaros agitavam as copas das árvores, assustados e desorientados pela escuridão. O bater de suas asas despertava as guaribas, que gritavam à toa, pois ninguém lhes dava importância. O único som que se percebia em toda a floresta era o daquele choro, que o caboclo ribeirinho, arrepiado, imaginou ser a Matinta Perera, e, numa aldeia distante, temiam tratar-se do Anhangá.