Ele a puxou de volta para dentro de casa e deu-lhe uma tarefa para o dia seguinte. Aquilo era um pedido de silêncio e um acordo de que estaria viva amanhã.
Aceitei.
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_sobre este livro
No manejo das plantações, lavra-se a terra para que as camadas troquem de lugar enquanto as coisas do fundo vêm à tona. Assim, o ar entra.
Aqui, uma mulher conversa com o próprio passado enquanto alinhava o que está por vir. Ao descobri-la, sabemos também que, se há cenas impossíveis de apagar, não há o que não se possa cavar no fundo das relvas, das pedras, das pernas, das sentenças. Não há o que não se possa criar.
O discurso do buquê é feito de poesia em prosa, da umidade das florestas e das mulheres — e sua capacidade inalienável de parir a si mesmas. Assim, de mãos dadas com a mulher que atravessa o poema, é possível trocar de pele, tocar na sede retida nos dentes, na confusão do corpo com a casa, no desejo de calçar os chinelos — já não “por força do hábito. Mas por força do amor”.
Como acontece nas fendas por onde o ar entra no solo, é o viço da poesia que recupera a palavra. Alguma coisa, talvez, parecida “como um abacate. Que misteriosamente amadurece no meio da noite. E vai ser comido quando raiar o dia”. Sobretudo, com o “extraordinário gosto do fim”: a floresta quente na língua, a mão encharcada de vida, o som alto da risada tornando à boca. A poesia deste livro é o que nasce, fértil, depois da terra revirada.
Camila Costa Silva
_outras informações
isbn: 978-65-87938-97-4
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x16,5 cm
páginas: 52 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2023
edição: 1ª