Antes de mais nada

Disponibilidade: Brasil

sente a firmeza do meu punho cerrado
e o pulsar incessante das artérias furiosas
a arrebentar as cordas de sisal
que sustentam pesos e estátuas
no teto de memórias desvanecidas

sou inteira pó
pólvora

pergunta
e renascimento

R$50,00

_sobre este livro

“Quando pequena/encantava-me com os pentes de madeira/de fragrâncias florais […]/perdia-me na mística que haveria de ter ali […]”: guardar-se “perfume de flor/em natureza morta.”

Assim — com uma pergunta sobre o mistério, um enigma posto, incandescendo — Juliana Dias abre este Antes de mais nada, seu livro de estreia. Como podem os cheiros, que são vivos, inscreverem-se num corpo frio, na matéria inânime? Há um vislumbre e um espanto que nascem aí, no litoral dessa pergunta.

 Agrupados em quatro seções, os poemas de Antes de mais nada repõem a incógnita própria do encontro entre os opostos, desdobrando-a na descoberta de que nós mesmos nos construímos pelo contraste entre o vivenciado e o perdido. Afinal, ao lado do tempo que se desenrola e se cumpre, corre outro tempo, feito de nossas desistências e abandonos, “uma pilha de livros/não lidos […]/um rio de palavras/não vertidas […]/uma lista de projetos/não executados/um punhado de amores/não ateados”.

 Não deixa de ser uma espécie de cronologia que segue à sombra — e que, vale lembrar, também atua sobre nós, sobre nossos corpos. “Desejo não é bicho que se mate”, diz a poeta. Não há renúncia que não pese sobre aquela que renunciou, seja numa cicatriz ou numa ferida aberta, seja na presença insistente de uma voragem represada ou num ímpeto torcido. Vira um hóspede, no fim das contas. “Ferve-me o sangue/arqueia-me as garras da boca”.

Com uma linguagem repleta de sutilezas, delineada no fio entre certa poética da sensação e a abertura à reflexão, Juliana nos oferta aqui um livro a um só tempo delicado e provocador, tênue e fulguroso. Nele, atravessamos um caminho em que a rede de referências e o endereçamento do vivido não encerram o vivo, pelo contrário: há sempre algo que a palavra não esquadrinha jamais, uma espécie de “silêncio-sussurro”, “furo-passagem da dúvida”. Deslumbramento, digo eu depois da leitura. Sonho a ser lido no escuro.

Mar Becker

_outras informações

isbn: 978-65-5900-410-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 116 páginas
papel pólen gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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