Atlântida XXI

Disponibilidade: Brasil

— Sei que esperam isso, não é? Ou algum de vocês quer advogar? — E apenas um ou dois de cada turma de oitenta confirmava vocação.
Assim prosseguia a aula, revelando um sussurro de escárnio, atacando os alunos.
— Prisão é a aparelhagem geral para tornar os indivíduos dóceis. Mas o Estado garante a segurança do condenado, que não será linchado em praça pública. Escola — Trabalho — Diversão. Adestrados desde pequenos a se tornar normais, iguais, seja no trânsito, no trabalho, na escola. Nosso tempo é roubado e moldado pelas normas. O Estado é domesticador.

R$45,00

_sobre este livro

Só parecença crer que é igual o giro cotidiano do relógio. A cada deslocar do ponteiro, quanta coisa pode surpreender em Belo Horizonte ou Atlântida ou qualquer outro lugar em que o leitor se encontre ou penetre linhas. Seja num tempo mitológico ou nas ruas de uma cidade grande inundada por água que é também vírus, por arranha-céus e desigualdades. Ingredientes dos contos desta obra de João Valadares em que a cidade que submerge no mito de Platão ou no flagelo de uma pandemia tem referências para quem trafega memórias na capital de Minas Gerais. Essas alusões, no entanto, viram ocasionalmente cenário de um enredo para quem não conhece exatamente este tópos, mas outros lugares tão semelhantes de nossa urbanidade.

João, que é também ator, diretor-teatral, professor e poeta, nos apresenta aqui a sua prosa ficcional. As narrativas têm protagonistas de sortidas castas, da intelectualidade a um sacerdote de coreto, uma anja e um MC do morro. Aqui, acolá, personagens reaparecem, fios que voltam de um novelo. Dentre eles o cão Borges, que também merece o seu conto particular. Sobre essa alcunha, para quem conhece a vida universitária belo-horizontina, remete a uma moradia estudantil muito conhecida por gerações. Afora isso, a forma como o representante canino é criativamente inserido pode, por que não, ser também homenagem às alegorias do grande escritor argentino.

As surpresas nas criativas e bem-construídas tramas do escritor aparecem também na maneira como ele não se esquiva de abordar de lâmina afiada querelas sociais que sempre precisam ser ditas, visto que os atrasos não se cansam de tentar nos empurrar para trás. E a escolha do mito de Atlântida transposto para o nosso XXI é perfeitamente plausível se a lenda platônica quer lembrar que não importa quão poderoso é o homem, a natureza é sempre mais forte. Quanta atualidade! “Do Oiapoque a Nova York, se sabe, que o mundo é dos que sonham, que toda lenda é pura verdade”, canta Rita Lee na música “Atlântida”, dela e de Roberto de Carvalho. Como sobrevivente, leitor, embarque de remo em punho.

Júlio Assis

_outras informações

isbn: 978-65-5900-313-6
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19cm
páginas: 96 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0