ela pede socorro e me olha
um pedido de socorro é um pedido
elaborado em linguagem universal
o sol a pino demarca as sombras agora
ele passa a língua por cada uma de suas estrias
ele busca o ponto ideal, o alvo sem volta
é quando ela menos espera
R$45,00
_sobre este livro
a dedicatória já diz a que veio “uma mulher só não faz verão”: “às mulheres sós”. o livro de estreia de daniela rezende é um convite em si a um enlace, que é também um mergulho na solidão em comum. risco, belisco, bravura. “mulher que ladra não morde”? “em boca fechada não entra mulher”? os poemas vão chegando assim, revolvendo os ditos, abalando os chãos, estampando alto “a mulher é um animal gigante”. sem se eximir de lembrar do abate: “(haverá um mugido possível?)”. a costura dos versos segreda que estamos lá. é uma obra que convida a estar no movimento das margens, das linhas arredias, das minúcias das minúsculas, dos vãos entre um gole e outro da língua — de tantos gumes e laços. “língua gloriosa laçada e levada”. de dentro da solidão, dos escuros, questionar a luz com a lucidez combativa de que “noite e sombras/não protegem ninguém”. protesta, revolta, inquieta, esse livro comunga. medos, histórias, sintomas. de geração em geração. “o grito em erupção na minha boca” ecoa na mesma garganta que sente “estou cansada, tão cansada, quero uma trégua dessa merda toda.”. um “ser morta aos poucos”. essas páginas também falam de morte. sobrevivências, a outra face. há poemas assim, no limiar. cortam, narram. poesia de “e se”: “o corpo é uma ficção”. de ironia e voragem, o verso enverga, avança em “escadas e escuro”. enfrenta: “será bicho ou homem?”. desloca: “na última quarta-feira”, engasgo. poemas assim, “uma mulher não deve vacilar” e “a buceta da brasileira vale menos do que o kg do feijão”. sim, “o interrogatório é profundo & longo & profundo”. sim, “mas basta abrir o livro de história”. absurdamente sim, “basta ouvir o presidente”. mas atenção para o poema “agora”. “no fogo”, “sem medo”. “uma mulher”, o poema repete. assimilamos que somos. marias, teresas, sylvias, glórias, avós, mães, filhas. cumplicidades como acordar em um poema feito “tristeza”. ramificar-se em “georgia”. alçar a terra, “o desejo”: “ter um corpo e não saber”. os poemas desse livro dizem de contravontades. urros, muros, murros. e também de vontades. rumor das asas: “uma mulher só não faz verão”. um livro feito de coragens. vamos?
dheyne de souza
_outras informações
isbn: 978-65-5900-229-0
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x,5x19,5cm
páginas: 52 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª