Vermelho é uma cor dual: o sangue da menstruação nos lembra a vida, a fecundação. É a cor do sangue que nutre nossas células e nos mantém vivos, saudáveis. Mas também é a cor da morte, da guerra, do conflito… quando observamos sangue inocente derramado nesses cenários.
Vermelho é a cor do fogo, transformador… E, na natureza, é alerta, ameaçador.
Ele escancara a emoção, quando surge na pele corada, emocionada, excitada.
No marketing, é a cor de placas promocionais, chama atenção. E pelo mesmo sentido, na comunicação visual, se faz presente nas placas de sinalização.
Na Revolução Francesa era a cor do medo, usada nas bandeiras opressoras que avisavam o povo para não se manifestar. Antagonicamente é a cor dos mártires, dos guerreiros, indivíduos impelidos pela coragem e força.
Ah, o vermelho… A cor da sedução, da conquista, da paixão… Mas que também marca o erro, sinaliza o ponto exato numa demolição.
Vermelho que está em bandeiras e identidades visuais de partidos políticos, sendo associado aos comunistas, aos que ideologicamente se posicionam à esquerda. A cor que impulsiona multidões na luta pelas minorias, pelos excluídos.
E, nesta obra, o vermelho está numa matiz forte, viva, cor da chama… que atrai. ESCARLATE!
Da capa à contracapa temos muitas vozes plurais, expressando-se em tons diversos: as Vozes Escarlate. Elas soltam o verbo, tocando em assuntos polêmicos, conquistando seu espaço e buscando dignidade e respeito. Sabem que a palavra, seja falada ou escrita, é uma poderosa ferramenta de luta pela conquista de seu lugar no mundo. E, daqui, estas vozes ecoarão na sociedade deixando a marca do empoderamento.
Pois a PALAVRA EMPODERA, mesmo a não verbal, aquela que se oculta numa imagem. E não empodera apenas as escritoras e ilustradoras aqui presentes. As Vozes Escarlate serão somadas e potencializadas, dando voz a muitas outras, que temem gritar sua própria voz ou simplesmente são silenciadas pela força do patriarcado.
Elciana Goedert (Ciça)