Neste livro, percorreremos um trajeto pela obra do filósofo Giorgio Agamben que acompanha sua investigação
sobre o problema da linguagem e conduz a um exercício nos meandros (impensados) de nossas experiências de
pensamento. Assim, ao explorar a fórmula agambeniana do experimentum linguae, a análise detém-se nas cisões e articulações entre voz e linguagem que dariam origem a uma fundamentação negativa (“metafísica”) da experiência humana cuja fundação constitui a própria base de nosso edifício político-normativo. Diante desse caminho, a aposta agambeniana de questionar radicalmente a negatividade abre espaço não apenas para compreendermos as profundas fissuras desse próprio construto, mas também para pensarmos novas experiências — poéticas, políticas, éticas — nos limiares de nossa própria condição “humana”.
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_sobre este livro
Vozes da metafísica é uma obra singular, uma ópera na qual cadência e tons se executam num efetivo crescendo. Seu intento não é apenas o de retraçar o percurso filosófico das reflexões de Giorgio Agamben sobre a linguagem — da função do fantasma (a partir de Aristóteles ou por meio da poesia medieval trovadoresca) e do signo linguístico (com Saussure e a linguística moderna) à relação fundamental entre morte e linguagem (através do aí heideggeriano e do querer-dizer o isto hegeliano enquanto negatividade), da cisão entre o mostrar e o dizer à metafísica da Voz como articulação negativa entre voz animal e discurso humano, em suma, da topologia da negatividade à arqueologia filosófica no projeto Homo sacer, cuja chave para uma adequada compreensão no todo da filosofia de um dos pensadores vivos mais importantes da atualidade parece estar na relação entre linguagem e mitologema sacrificial.
Ao fazê-lo, Roan Costa Cordeiro se debruça também nos interstícios e hiatos das próprias reflexões agambenianas, nos seus não-ditos. Por isso Vozes da metafísica é também um experimento da linguagem: o debruçar-se que pende sobre uma suspensão, o pensamento que tenta pensar o próprio peso. Inaudito, portanto, é o risco que invariavelmente corre quem se dependura nas franjas da linguagem e olha o abismo. O silêncio que daí provém aponta o duplo da linguagem: o gesto calado no vazio e o horror vacui como anúncio da morte se transfiguram em milagre do mundo, fazer humano, culpa e punição. “Experiência da existência da linguagem”. Daí o peso do mundo na sua suspensão pelo pensar, na sua emergência como linguagem. O duplo da linguagem se manifesta aí, como tempo da vida e hora da morte. Na lenda kafkiana, é na sexta hora — a hora da morte — que se dá enfim a compreensão do sentido (da linguagem). Daí também a linguagem como culpa que recai sobre si mesma. A linguagem pune sua inocência para explicar aquilo que anuncia. A culpa da linguagem é sua causa: linguagem causal-explicativa. Inexplicável, portanto, é a sua inocência. Talvez por isso seja tão difícil e raro aprender a morrer — isto é, “retornar” à verdadeira infância da palavra.
João Paulo Arrosi
_outras informações
isbn: 978-65-87814-16-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 15,5x21cm
páginas: 308 páginas
papel polén gold 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª