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Uma gaivota esmagada no asfalto da avenida

Disponibilidade: Brasil/Europa

Durante os dias mais frescos vou para a varanda da pousada sentar-me na minha cadeira de bambu. Tenho um quarto só para mim, mas como a vista da minha janela é um dos muros laterais da propriedade, prefiro sempre passar o dia lá fora, na minha cadeira. Às vezes compartilho o espaço com Aldemaro — ele não fala muito, e por conta disso não me importo com sua companhia. Ficamos os dois nos nossos próprios mundos observando o mundo dos outros lá fora, não há muito para fazer além disso. Quer dizer, dentro da pousada há uma sala de jogos de cartas e tabuleiros, onde inclusive acontecem aulas de crochê, pintura e pseudo ginástica durante as terças e quintas-feiras. Também há uma sala para assistir televisão, mas enquanto a velha Dolores estiver viva aquilo vai estar sempre a passar novelas mexicanas ou algum programa estúpido de auditório. Por isso, na maioria das vezes, estou na varanda com Aldemaro. Observamos as pessoas transitando do outro lado do pequeno muro apressadas ao telefone; jovens sorridentes saindo da escola com suas risadas altas que ecoam ultrapassando o som de tudo à nossa volta; vemos também, vez ou outra, alguns velhos da vizinhança arrastando os pés na calçada com seus sapatos de couro de vaca igualmente velhos — é até engraçado como alguns deles tentam não olhar para cá, contam as moedas para o pão, desviam os olhos, viram o pescoço para o outro lado da rua, assobiam a imitar passarinhos, mexem na bolsa à procura de qualquer coisa, etc. etc. Penso que esses velhos malucos sentem receio de que possam ser igualmente estufados aqui dentro a qualquer momento, como se nós fossemos agarrá-los pelos calcanhares e fazê-los de reféns. Por mim, arrancaria-lhes os sapatos e os lançaria na testa até que não os visse mais à minha frente.

(Casa de pouso, página 9)

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_sobre este livro

Em Uma gaivota esmagada no asfalto da avenida, Pâmela Pedra transforma o ordinário em espelho da condição humana. Por meio de narrativas que ecoam as angústias e os dilemas das vidas comuns, a autora conduz o leitor a um encontro visceral com a verdade — uma verdade que, muitas vezes, nem sabíamos estar buscando.
Essa verdade se impõe, inevitável e crua, evidenciando as contradições da existência: a solidão como companheira silenciosa, a dor que molda e corrói, e as desilusões que, ao mesmo tempo, destroem e revelam. A cada página, o leitor se descobre e se redescobre, identificando fragmentos de si mesmo nos personagens e nos cenários que, tão próximos, poderiam ser extraídos de suas próprias memórias.
A autora, observadora das miudezas da vida, escancara as mazelas da natureza humana sem condescendência, mas com uma sensibilidade que transforma a leitura em um ato de introspecção e catarse. Este livro é uma jornada que provoca, inquieta e, sobretudo, emociona.
A obra transita pelos limites entre o real e o simbólico, capturando as tensões e os dramas que habitam o cotidiano de cada um de nós, e é marcada por uma escrita que dialoga com a poesia da dor e a brutalidade da existência.
Layane Almeida

_outras informações

isbn:978-65-5900-960-2
revisão: Victor Negri
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14x19,5 cm
páginas: 114 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2025
edição: 1ª

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